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Filhos de nazistas – Tania Crasnianski

Filhos de nazistas
autor: Tania Crasnianski

Descrição: Até 1945, seus pais eram considerados heróis. Depois da derrota alemã, ficou claro que eram carrascos. Gudrun, Edda, Niklas e os outros retratados neste livro são os filhos de Himmler, Göring, Hess, Frank, Bormann, Höss, Speer e Mengele, alguns dos principais responsáveis pelo horror nazista. Crianças ou adolescentes durante a guerra, eles a viveram sob a proteção de seus pais afetuosos e poderosos. Para eles, a queda do Reich foi um verdadeiro choque de realidade. Inocentes, inconscientes dos crimes de seus pais, descobriram então toda a sua extensão. Alguns julgaram e condenaram. Outros continuaram reverenciando esses homens execrados por toda a humanidade. Filhos de nazistas retrata a ascensão e o cotidiano, ao mesmo tempo extraordinário e banal, desses altos funcionários que realizavam diariamente seu trabalho de morte – e depois conviviam com suas famílias, instaladas por vezes ao lado dos campos de concentração e extermínio – e descreve as existências singulares de seus filhos ao se tornarem adultos: a queda, a miséria, a vergonha ou o isolamento. Que laços eles mantiveram com seus pais? Como viver com um nome amaldiçoado pela História? Em que medida a responsabilidade pelos crimes é transmitida aos descendentes?


A Estrutura das Revoluções Científicas – Thomas Kuhn

A Estrutura das Revoluções Científicas
autor: Thomas Kuhn

Descrição: Obra tida hoje como uma contribuição fundamental para o estudo da história das ciências e das idéias. À sua luz, as revoluções sociotecnológicas e políticas do mundo moderno são reintegradas no processo estrutural específico, assim como no contextual. Kuhn argumenta que a ciência não é estacionária, mas, ao contrário, “uma série de interlúdios pacíficos pontuados por revoluções intelectualmente violentas”.

Qualquer Coisa Serve – Theodore Dalrymple

Qualquer Coisa Serve
autor: Theodore Dalrymple

Descrição: A Inglaterra e o Ocidente estão atolados por uma cultura de mentiras, cegueira voluntária e engano de motivação ideológica, argumenta Theodore Dalrymple em sua brilhante antologia de ensaios escritos entre 2005 e 2009 para o New English Review. Do politicamente correto entre médicos às falhas da Organização mundial da Saúde, da revolta de jovens da periferia de Paris à mudança de sexo aos doze anos de idade e do colapso da nossa bolha econômica ao fracasso do sistema de justiça criminal, tudo remonta à morte da honestidade.


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Medo: Trump Na Casa Branca

Medo: Trump Na Casa Branca
autor: Bob Woodward

Data da primeira publicação: 11 de setembro de 2018 Autor: Bob Woodward, Número de páginas: 448, Gênero: Biografia

(pág.41)... Preciso que veja uma coisa para mim”, disse Manafort, entregando-lhe uma cópia de um rascunho de matéria do New York Times com a manchete “Livro-razão secreto na Ucrânia lista dinheiro para chefe da campanha de Donald Trump”. Bannon leu. “Livros-razão escritos à mão mostram 12,7 milhões de dólares em pagamentos em dinheiro não revelados, designados para o sr. Manafort”, do partido político pró-Rússia. “Doze milhões de dólares em dinheiro da Ucrânia!”, Bannon praticamente gritou.

(pág.47)... Em 22 de agosto, a revista Time publicou na capa uma ilustração do rosto de Trump se dissolvendo, com a manchete: “Derretendo”. Sinais de uma “missão de reconhecimento” russa, ou intrusões digitais, como a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) as chamou, apareceram pela primeira vez nos registros informatizados das juntas eleitorais locais e estaduais — listas de nomes e endereços de eleitores — no verão de 2015. Começou em Illinois, depois se espalhou por 21 estados. Enquanto a NSA e o FBI coletavam mais informações sobre essas intrusões cibernéticas, James Clapper, o diretor de inteligência nacional, passou a temer que a Rússia usasse os dados para mudar ou manipular os votos de alguma forma. Isso é típico da Rússia, ele pensou. Os russos estavam sempre tentando causar problemas. Clapper tratou de incluir as informações iniciais no relatório presidencial diário, o relatório de mais alto nível de sigilo. Obama o lia todos os dias em um iPad pré-programado, que devolvia depois. iPads similares eram distribuídos ao secretário de Estado, ao secretário de Defesa, ao assessor de segurança nacional e ao diretor da CIA , embora nesses casos os responsáveis pelas informações permanecessem na sala enquanto as autoridades liam e depois retomavam os iPads. Em julho de 2016, o WikiLeaks e o DC Leaks, outro site conhecido por divulgar materiais governamentais e militares hackeados, começaram a publicar e-mails retirados de um servidor do Comitê Nacional Democrata por grupos de hackers russos identificados como “Cozy Bear” e “Fancy Bear”. A revelação sobre a intromissão russa causou profunda preocupação no Conselho de Segurança Nacional de Obama. Com o tempo, as informações ficaram melhores e mais convincentes. O presidente Obama deveria ir ao horário nobre da televisão nacional anunciar aquelas descobertas? Pareceria que estava atacando Trump, ligando o candidato republicano à Rússia? Aquilo poderia sair pela culatra se parecesse que ele estava se intrometendo na eleição, tentando desequilibrar a balança?

(pág.Ele ficou chocado com o partidarismo dos líderes. Os republicanos não gostaram nada do relatório. Os democratas adoraram cada pedacinho, enchendo-o de perguntas sobre detalhes e fontes. Clapper saiu desanimado, porque os dados das agências de inteligência eram cada vez mais outra bola a ser chutada no futebol político. No outono, os relatórios de inteligência já mostravam que Moscou — como quase todo mundo — acreditava que Clinton venceria. A campanha de influência do presidente Vladímir Pútin mudou a estratégia para enfraquecer a presidência dela. Clapper e o secretário de segurança interna Jeh Johnson eram os mais ansiosos para alertar o público americano sobre a interferência russa. Às três da tarde da sexta-feira de 7 de outubro, eles divulgaram um comunicado conjunto acusando oficialmente a Rússia de tentar interferir na eleição dos Estados Unidos, embora não tenham mencionado o nome de Pútin. “A inteligência dos Estados Unidos está confiante de que o governo russo direcionou o recente comprometimento de e-mails de pessoas e instituições americanas. Esses roubos e divulgações têm a intenção de interferir no processo eleitoral do país. Os altos dirigentes da Rússia são os únicos que poderiam ter autorizado tais atividades.” Clapper, Johnson e a campanha de Clinton esperavam que fosse a grande notícia do fim de semana, assim como os repórteres que começaram a trabalhar na matéria. Uma hora depois, às 16h05, David Fahrenthold, do Washington Post, publicou uma matéria com o título: “Trump gravado em conversa extremamente obscena sobre mulheres em 2005”. O Post divulgou uma gravação de áudio do programa Access Hollywood, da NBC, em que o candidato se gabava cruamente de suas proezas sexuais. Ele dizia que podia bolinar e beijar mulheres à vontade. “Quando se é uma estrela, elas deixam”, disse Trump. “Você pode fazer qualquer coisa. Agarrar pela boceta.” A fita do Access Hollywood foi um terremoto político. A história da Rússia praticamente desapareceu.)...

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(pág. 50)... Depois da meia-noite — e de horas de reações indignadas à fita do Access Hollywood se espalhando pelo espectro político —, Trump divulgou um pedido de desculpas em vídeo: “Eu nunca disse que sou perfeito […] essas palavras não refletem quem eu sou. Eu disse aquilo, estava errado e peço desculpas. […] Prometo ser um homem melhor amanhã, e nunca, nunca vou decepcionar vocês. Sejamos honestos. Vivemos no mundo real. Isso não passa de um desvio de atenção. […] Bill Clinton abusou de mulheres e Hillary ameaçou, atacou, envergonhou e intimidou suas vítimas. […] Vejo vocês no debate de domingo”.

(pág.58)...Quatro das mulheres que afirmavam que Clinton as atacara ou que Hillary tentara desqualificar estariam no debate, explicou Bannon a Trump. Paula Jones, que dissera que Clinton lhe exibira suas partes íntimas e com quem Clinton tinha chegado a um acordo de 850 mil dólares para evitar o processo de assédio sexual; Juanita Broaddrick, que alegava que Clinton a estuprara; Kathleen Willey, que alegava que Clinton a atacara sexualmente na Casa Branca; e Kathy Shelton, que, quando tinha doze anos, alegou que Hillary a caluniara quando defendia seu cliente, acusado de ter estuprado Shelton. Era uma lista de Oscar do passado de Clinton, que desencadeava lembranças de seus anos eróticos no Arkansas e na Casa Branca.

(pág.76)... Em seguida, Cohn repetiu o que todos diziam: as taxas de juros subiriam em breve. Concordo, disse Trump. “Devemos então tomar muito dinheiro emprestado agora e segurar para depois vender e lucrar.”Cohn ficou espantado com a falta de compreensão básica de Trump. Ele tentou explicar: se você, como governo federal, pedir dinheiro emprestado através da emissão de títulos, aumentará o déficit americano. Como assim?, perguntou Trump. Basta fazer as máquinas rodarem. Imprimir dinheiro. Não funciona assim, disse Cohn. Temos enormes déficits, e eles são importantes. O governo não mantém o balanço desse modo. “Se você quer fazer a coisa inteligente — e você tem esse poder —, eu emitiria títulos do Tesouro de cinquenta e cem anos.”

(pág. 79)... Você não pode imprimir dinheiro, disse Cohn. “Por que não? Por que não?” O Congresso tinha um teto de endividamento que estabelecia um limite para quanto dinheiro o governo federal poderia tomar emprestado, e aquilo era legalmente vinculante. Estava claro que Trump não entendia como funcionava o balanço do ciclo da dívida do governo americano. A inflação provavelmente permaneceria estável. A automação está chegando, disse Cohn — inteligência artificial, máquinas inteligentes, robótica. Vamos administrar a oferta de trabalho de forma mais eficiente agora do que em toda a história da humanidade. Então veja, você está no momento mais precário em termos de perda de empregos. Hoje podemos criar mão de obra com máquinas. “Se estiver por aqui dentro de oito anos, você vai ter de lidar com a automação do automóvel e do caminhão. Cerca de 25% da população dos Estados Unidos ganha a vida dirigindo um veículo. Pense nisso.” “Do que está falando?”, perguntou Trump. Com o veículo autônomo, que dispensa motorista, milhões de pessoas terão de entrar novamente na força de trabalho em empregos diferentes. Será uma grande mudança e possivelmente uma grande ruptura.

(pág. 81)... Liguei para Flynn para ouvir sua opinião sobre a Rússia. Vários funcionários da inteligência e do Pentágono me disseram que aquele país havia modernizado e melhorado sua capacidade nuclear nos anos anteriores com um novo míssil balístico lançado por submarino e dois novos mísseis balísticos intercontinentais. “Sim, exatamente”, disse Flynn. Também afirmou que nos sete ou oito anos anteriores, sob orientação de Pútin, a Rússia não “superouos Estados Unidos, mas nos enganou”. Flynn contou que começara a conversar com Trump sobre o fortalecimento russo dezoito meses antes, em 2015, quando se conheceram. Disse que eles concordaram que os Estados Unidos haviam aberto mão demais de sua capacidade, além de treinamento, prontidão e modernização. Segundo Flynn, Pútin havia “atualizado de maneira sistemática” não só suas forças nucleares, mas também suas forças táticas, convencionais e especiais. “Se a Rússia se tornasse um adversário e ficássemos frente a frente com eles, enfrentaríamos a realidade de Pútin usando inovação, tecnologia e gás total.” Ele então falou abertamente sobre a possibilidade de que os Estados Unidos tivessem que começar a testar armas nucleares. O último teste americano fora em 1992. “Vamos ter de decidir se vamos voltar a isso”, disse ele. Os testes de computador podiam não ser suficientes, e era importante ver se as armas funcionavam. “Meu conselho para o chefe foi: teríamos de dedicar tempo, energia e recursos a isso.” Flynn disse que o plano de Trump era conversar e agir de forma dura, mandar “um tiro de advertência” para Pútin. E acrescentou: “Vamos nos apoiar no manual de Reagan”. Seja agressivo e depois negocie. “Ao mesmo tempo, temos que deixar claro que vamos negociar com a Rússia. Você não pode ter uma única visão daquele país.” Flynn estava sendo amplamente criticado por ter ido à Rússia em 2015 para falar à rede de televisão estatal, tendo recebido 33 750 dólares para tal. 4 Ele disse que era uma oportunidade e que se encontrou com Pútin. “Qualquer um iria”, insistiu. Flynn participou de uma sessão de perguntas e respostas em Moscou. Fez um apelo convencional por melhores relações com os Estados Unidos para derrotar o Estado Islâmico, insistindo na importância de definir o inimigo, e não apenas contê-lo, como Obama havia feito. Sobre política externa, me disse: “O presidente eleito vaienfrentar essa merda em tod

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(pág. 84)... Após a eleição, o presidente Obama orientou seus chefes de inteligência a produzir um relatório definitivo e altamente confidencial sobre a interferência dos russos na eleição, com todas as fontes e detalhes. Ele seria entregue à Gangue dos Oito no Congresso e ao presidente eleito Trump. Uma versão reduzida, não confidencial, com as mesmas conclusões, mas sem identificar as fontes, seria divulgada antes de Obama deixar o cargo em 20 de janeiro.

(pág. 85)... A missão da CIA é reunir informações e divulgá-las para a Casa Branca e o restante do governo federal. Não precisam ser tão sólidas, porque normalmente não são usadas em um julgamento criminal. Enquanto o FBI era assombrado por Hoover, a CIA tinha seu próprio fantasma. No período que antecedeu a invasão do Iraque em 2003, a agência cometeu um erro enorme. Devido, em parte, às mentiras contadas por uma fonte fundamental — que tinha o inacreditável codinome “Bola Curva” —, que alegou ter trabalhado num laboratório de armas químicas no Iraque, a CIA concluiu que aquele país tinha armas de destruição em massa. O caso tinha sido um “golaço”, de acordo com uma apresentação feita pelo diretor da CIA , George Tenet, ao presidente George W. Bush. A alegada presença foi a principaljustificativa para a invasão do Iraque. Nenhuma arma de destruição em massa foi encontrada, resultando num constrangimento agudo para o presidente e a CIA. Clapper sabia que o erro pairava sobre grande parte do que a CIA fazia e analisava. Um procedimento da agência era submeter as fontes ao detector de mentiras com a maior frequência possível. Embora a aprovação num teste de polígrafo nunca viesse a ser considerada prova completa, tratava-se de um bom parâmetro de veracidade.

(pág. 86)... Na segunda página, o dossiê dizia: “Segundo a Fonte D, onde ele(a) esteve presente, a conduta (pervertida) de TRUMP em Moscou incluiu a contratação da suíte presidencial do Ritz Carlton Hotel, onde sabia que o presidente e a sra. OBAMA (os quais ele odiava) haviam ficado em uma de suas viagens oficiais à Rússia, e a profanação da cama onde tinham dormido, com o uso de algumas prostitutas para realizar um show de ‘chuva dourada’ (micção) diante dele. O hotel era conhecido por estar sob controle do Serviço Federal de Segurança, com microfones e câmeras ocultas em todos os quartos principais para gravar qualquer coisa que quisessem”. Isso foi projetado para obter “‘kompromat’ (material comprometedor) sobre ele”, de acordo com o dossiê.

(pág. 89)... Há muito tempo que a Rússia tem o desejo de “minar a ordem democrática liberal liderada pelos Estados Unidos”, mas na eleição presidencial de 2016 houve “uma escalada significativa em objetividade, nível de atividade e alcance do esforço”. 12 • Pútin “ordenou uma campanha de influência em 2016 tendo por alvo a eleição presidencial dos Estados Unidos […] para minar a fé do povo no processo democrático americano, denegrir a secretária Clinton e prejudicar sua elegibilidade e potencial presidência. Além disso, avaliamos que Pútin e o governo russo desenvolveram uma clara preferência pelo presidente eleito Trump”. • “Quando pareceu a Moscou que a secretária Clinton provavelmente venceria a eleição, a campanha de influência russa começou a se concentrar mais em minar sua futura presidência.” Foi uma formulação suave. Trump era uma “clara preferência” e o esforço foi mais direcionado para “desacreditar” e “minar” Clinton. 13 Não havia sugestão de que Trump ou seus associados tivessem conspirado ou se coordenado com o esforço russo.

(pág.98)... Durante a campanha, Trump menosprezou a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança de 68 anos com a Europa. A Otan é frequentemente considerada o esforço mais bem-sucedido para se contrapor à União Soviética durante a Guerra Fria e um alicerce da unidade ocidental. Seus membros se comprometem a uma defesa coletiva, significando que o ataque a um deles seria considerado um ataque contra todos. Trump argumentara que a Otan talvez estivesse obsoleta. Muitas de suas críticas tinham a ver com dinheiro. A meta da Otan era que cada país-membro gastasse 2% do seu PIB em defesa.

(pág. 101)... “Qual será o próximo país a sair?”, perguntou Trump. Conforme o referendo do Brexit, aprovado pelos eleitores britânicos, o Reino Unido tinha de sair da União Europeia. 9 “Não acho que haverá outros”, respondeu Gray. Trump concordou. “Se não houvesse a Otan, seria preciso inventar uma”, disse Mattis. “Não há como a Rússia vencer uma guerra enfrentando a Otan.”

(pág. 115)... Seis meses antes, em 9 de setembro de 2016, o presidente Obama havia recebido notícias inquietantes quando entrava no semestre final de seu mandato de oito anos. A Coreia do Norte tinha detonado uma arma nuclear num teste subterrâneo, o quinto em uma década, e o maior deles. Monitores sísmicos revelaram instantaneamente que as vibrações registradas não tinham sido causadas por um terremoto. O tremor de magnitude 5,3 fora instantâneo, originara-se a menos de 1600 metros de profundidade e fora medido a partir de Punggye-ri, local de teste das quatro explosões nucleares antecedentes. A potência estimada era equivalente a dez quilotons, aproximando-se dos quinze da bomba de Hiroshima, em 1945. Para desfazer qualquer dúvida, a versão coreana feminina de Walter Cronkite, Ri Chun-hee, 73 anos, apareceu na televisão controlada pelo Estado para anunciar o teste. 1 Ela quase sempre aparecia nos grandes momentos. Vestindo cor-de-rosa e falando numa voz alegre e vibrante, ela disse aos telespectadores que o regime tinha construído uma bomba melhor, maior e mais versátil.

(pág. 117)...Apesar dos cartuns publicados na mídia, que o representavam como louco e instável, relatórios confidenciais da inteligência demonstravam que Kim, então com 33 anos (em 2016), era um líder muito mais eficaz do que seu pai, Kim Jong-il, que governou durante dezessete anos, de 1994 a 2011. O Kim mais velho tinha lidado com falhas nos testes das armas ordenando a execução dos cientistas e funcionários responsáveis. Foram todos fuzilados. O Kim mais jovem aceitara falhas em testes, aparentemente assimilando a lição pragmática: elas são inevitáveis no caminho para o sucesso. Sob Kim Jong-un, os cientistas foram deixados com vida para aprender com seus erros, e o programa de armas progrediu.

(pág. 122)... A capacidade cibernética da Coreia do Norte tinha sido poderosamente demonstrada num ataque à Sony Pictures Entertainment em 2014, que visava impedir o lançamento de um filme satírico sobre Kim Jong-un. A comédia A entrevista mostrava dois jornalistas indo para a Coreia do Norte a fim de assassinar o jovem ditador. Investigadores descobriram mais tarde que hackers norte-coreanos tinham ficado durante três meses à espreita dentro das redes da Sony, esperando para atacar. Em 24 de novembro, a Coreia do Norte assumiu o comando dos computadores da Sony. Para maximizar o impacto do choque, as telas exibiam um ameaçador esqueleto vermelho vindo em direção ao espectador, e o texto: “Já advertimos vocês, e isto é só o começo”. 10 Os hackers norte-coreanos destruíram 70% ou mais dos computadores da Sony, inclusive laptops. Empregando milhares de hackers, a Coreia do Norte estava usando regularmente programas cibernéticos para roubar centenas de milhões de dólares de bancos e outros numa escala global.

(pág. 140)... Trump foi um dos mais ferrenhos inimigos da Guerra do Afeganistão, que durou mais de dezesseis anos e foi a mais longa da história americana. Ele se opôs de forma enfática, chegando até a ridicularizar o conflito. A partir de 2011, quatro anos antes de sua entrada na corrida presidencial, ele lançou uma série de retumbantes ataques no Twitter. Em março de 2012, escreveu: “O Afeganistão é um desastre total. Não sabemos o que estamos fazendo. Além de todas as outras coisas, eles estão nos roubando descaradamente”. 2 Em 2013, os tuítes recrudesceram. Em janeiro, foi: “Vamos sair do Afeganistão. Nossas tropas estão sendo mortas pelos afegãos que nós treinamos, e estamos desperdiçando bilhões lá. Absurdo! Reconstruam os Estados Unidos”. 3 Em março: “Precisamos sair do Afeganistão imediatamente. Chega de vidas desperdiçadas. Se temos de intervir, que seja de forma dura e rápida. Antes vamos reconstruir os Estados Unidos”. 4 Em abril: “Nosso governo é tão patético que alguns dos bilhões desperdiçados no Afeganistão vão parar nas mãos dos terroristas”. 5 E em novembro: “Não permita que nossos líderes idiotas assinem um acordo que vai nos manter no Afeganistão até 2024, com todos os custos arcados pelo nosso país. TORNE A AMÉRICA GRANDE DE NOVO !”.

(pág. 172)... Donald Trump, muito emocionado, ligou para seu secretário de Defesa, James Mattis, no Pentágono, na manhã de terça-feira, 4 de abril. Era o terceiro mês de sua presidência. Fotos e vídeos de um ataque com gás sarin aos rebeldes sírios inundavam a Casa Branca. Fora um ataque horrível, brutal, que matara dezenas de pessoas. Entre os mortos havia mulheres e crianças — incluindo bebês, lindos bebês. Sufocando, a boca espumando, os pais atingidos pela dor e pelo desespero. Tinha sido obra do ditador sírio Bashar al-Assad, atacando seu próprio povo. “Vamos matar a porra desse cara!”, disse o presidente. “Vamos entrar lá. Vamos matar esses filhos da puta.”

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