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História


Resumo segunda guerraPerguntas sobre a segunda guerraO que realmente é o fascismo
A Primeira Guerra Mundial: O Fim de Uma Era - Documentário Completo e Dublado PT-BR


História - Guerra Fria

Doutrina nazista
Adolf Hitler começou a escrever o livro “Mein Kampf” (Minha Luta), o chamado livro sagrado do Nazismo, na prisão militar de Landsberg. Nele, Hitler expôs as bases da doutrina nazista, descrevendo um conjunto de ideias fanáticas de falsamente científicas.

Principais características e ideias do fascismo
ℵ Totalitarismo ℵ Nacionalismo ℵ Militarismo ℵ Culto à força física ℵ Censura ℵ Violência contra as minorias ℵ Anti-socialismo ℵ Propaganda

Ditadura Militar - Introdução

Podemos definir a Ditadura Militar como sendo o período da política brasileira em que os militares governaram o Brasil. Esta época vai de 1964 a 1985. Caracterizou-se pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política e repressão aos que eram contra o regime militar.

O golpe militar de 1964

A crise política se arrastava desde a renúncia de Jânio Quadros em 1961. O vice de Jânio era João Goulart, que assumiu a presidência num clima político adverso. O governo de João Goulart (1961-1964) foi marcado pela abertura às organizações sociais. Estudantes, organização populares e trabalhadores ganharam espaço, causando a preocupação das classes conservadoras como, por exemplo, os empresários, banqueiros, Igreja Católica, militares e classe média. Todos temiam uma guinada do Brasil para o lado socialista. Vale lembrar, que neste período, o mundo vivia o auge da Guerra Fria.

Este estilo populista e de esquerda, chegou a gerar até mesmo preocupação nos EUA, que junto com as classes conservadoras brasileiras, temiam um golpe comunista.

Vídeos e Sites de História
Google Acadêmico Site Universitário Presidentes da Ditadura


(A actividade dos serviços secretos dos Estados Unidos serviu de matéria ao romance Um Americano Tranquilo de Graham Greene ).

Imprensa

Relatório da Comissão Warren). Repetidas vezes, a imprensa adota um comportamento vergonhoso em consequência da passividade do público. A maior parte das pessoas não tem acesso aos fatos em assuntos que lhe despertam suspeitas nem, tão-pouco, dispõem de fontes que lhe permitam reunir informações de maneira independente.

Regras que devem ser respeitadas ao ler-se os jornais:
1. Ler nas entrelinhas.
2. Não substimar nunca o mal de que são capazes os homens do poder.
3. Identificar o calão “terrorista” em oposição a “ações de polícia” fazer a respectiva tradução, sempre que seja necessário.

À medida que se deu a escalada na guerra do Vietname, devagar com firmeza, o New York Times mostrou-se cada vez mais avesso à publicação de artigos que pusessem a nu as mentiras e as deformações arquitetadas pelo governo americano. Já em Março de 1962 se verificou a supressão de informações de vital importância, quando o New York Times (assim como todos os outros grandes diários americanos) se recusou a publicar um artigo enviado pelas linhas da Associated Press da autoria de Malcolm Browne (posteriormente vencedor do Prémio Pulitzer do jornalismo, pela sua reportagem do Vietname). Malcolm Browne descreveu, com certa pormenorização, o primeiro congresso nacional da Frente de Libertação Nacional do Vietname do Sul, realizado entre 16 de Fevereiro e 2 de Março de 1962. É criminoso que se tenha negado tal informação ao público americano. O artigo falava por si mesmo, tornando-se imperioso que os ocidentais tenham acesso a este género de informação. A reação dos responsáveis pelo New York Times aos meus esforços pessoais no sentido de divulgar estes fatos é vergonhosa, mas não constitui caso único. escolho-a como exemplo, entre muitos, para ilustrar estes pontos, uma vez que esse jornal proclama orgulhosamente que publica “todas as notícias que é conveniente publicar”. A controvérsia que se segue, acerca do Vietname das normas de jornalismo, ocorreu na Primavera de 1963. Em 2 de Março, dirigi a seguinte carta ao chefe de Redacção do New York Times: Ex.mº Senhor: O Governo dos estados Unidos conduz uma guerra de extermínio no Vietname. O objtivo básico desta guerra é manter um regime desumano feudal no Sul e exterminar todos aqueles que resistem à ditadura do Sul. Outro objectivo é a invasão do Norte, que está em mãos comunistas. . Os verdadeiros motivos que levam os Estados Unidos a prosseguir uma política brutal abandonada pela França na Indochina, residem na proteção de interesses económicos na prevenção contra reformas sociais muito profundas nessa parte do mundo. Ergo a minha voz, porém, não apenas porque me encontro em nítido desacordo com as objeções americanas relativamente à transformação social da Indochina, mas também porque a guerra que está a ser travada constitui uma atrocidade. Imprega-se o napalm contra aldeias inteiras, sem qualquer aviso. Recorre-se à guerra química com o propósito de destruir as culturas e o gado e matar de fome a população. O Governo americano ocultou a verdade acerca da maneira como está a ser conduzida esta guerra, da violação dos acordos de Genebra relativos à Indochina, ainda o fato de estar envolvido em tal guerra um vasto número de tropas americanas, assim como a circunstância de a mesma guerra estar a ser conduzida num estilo que faz recordar os processos utilizados pelos alemães na Europa Oriental pelos japoneses no Sudeste da Ásia. Por quanto tempo se entregarão os americanos a este género de barbárie? Atenciosamente Bertrand Russell - Esta carta foi publicada em 8 de Abril (10 de Abril na edição internacional), juntamente com a seguinte nota da Redação:

A guerra do Vietname tem já dezoito anos de idade. Iniciou-se sob a forma de um vasto movimento de Resistência contra os franceses, sob a direcção de Ho Chi Minh, comunista. Os franceses lutaram ferozmente contra camponeses desarmados. Recorrendo a tácticas de guerrilhas, os vietnamitas expulsaram do norte do Vietname os franceses e acabaram por derrotá-los na batalha de Dien Bien Phu. As negociações de Genebra levaram à criação de uma comissão internacional destinada a manter a paz e a vigiar qualquer tentativa de intervenção estrangeira.

Antes de desenvolver o que pretendo dizer a este respeito gostaria de tornar claro que os factos aqui referidos foram extraídos dos jornais diários e fontes similares. Muitos foram obtidos em boletins de comissões que se preocupam com o que se passa no Vietname. Alguns provêm de relatórios da Cruz Vermelha da Libertação do Sul outros de um livro muito interessante, escrito por Wilfred G. Burchett intitulado The Furtive War. Muitos destes factos passaram incólumes pelo cadinho da negação americana.

Aldeias Estratégicas

É necessário que vos conte como eram organizadas as “aldeias estratégicas” e qual o seu significado. Primeiro vinham os aviões bombardear as aldeias, depois o assalto das tropas, finalmente as escavadoras que destruíam completamente as habitações. As pessoas eram então conduzidas à força para essas “aldeias estratégicas” que eram construídas com trabalho forçado. Na minha província, havia 200.000 pessoas, todas encerradas nas “aldeias estratégicas“. O encerramento de toda a população rural em aldeias estratégicas, a destruição de todas as aldeias abandonadas incluindo as colheitas e os haveres dos habitantes o “aferrolhamento das aldeias estratégicas atrás de arame farpado”. Obs.: mais de metade da população rural do Vietname do Sul era conservada nessas aldeias. Ou seja: “Aldeias estratégicas quer dizer trabalho forçado sob as ordens de 300.000 elementos da polícia secreta. O programa foi estabelecido para 15.000.000 de pessoas. Trata-se do único conflito, de que há registo, em que todos os meios são usados no sentido de destruir o próprio povo de um país. mais rude brutal do que todos aqueles que ocorreram no período colonial francês. {Inclui}... séries de bárbaros ataques, com as armas e o auxílio americanos, a aldeias indefesas... Trezentos mil elementos da polícia secreta praticaram inúmeras atrocidades... A terra arável as fontes de alimentos [encontram-se} destruídas”. A revista Time (17/5/63) foi citada no número de Julho de 1963 de Sword of Free Vietnam: “8.000.000 de aldeãos - 59% da população do Vietname do Sul - estão já a viver nas 6.000 “aldeias” concluídas até agora. O plano de luta do Governo tem por base instalar quase toda a população rural em 12.000 “aldeias estratégicas”, cercadas de paliçadas de bambu, arame farpado milícias armadas”. Numa carta ao Dallas Morning News (1/1/1963), foi citado um relatório do PDV, fornecendo um relato aterrador dessa ação de “instalar camponeses nas aldeias estratégicas” : “Hipoteticamente, o objetivo das aldeias estratégicas é manter, no exterior, o Vietcong. Mas o arame farpado não deixa entrar nem sair. Os camponeses vietnamitas são assim forçados, sob a ameaça das armas, a permanecer nestes autênticos campos de concentração. As suas casas, os seus haveres as suas colheitas são queimados. (...) Na província de Kien-Tuong, sete habitantes de uma aldeia foram levados para a praça da mesma. Golpearam-lhes a barriga, extraíram-lhes o fígado, expuseram-nos. As vítimas eram mulheres e crianças. Noutra aldeia, doze mães foram decapitadas na presença dos seus co-habitantes. Noutra aldeia ainda, algumas mulheres grávidas foram convidadas pelas forças governamentais a comparecer na praça, para serem homenageadas. Abriram-lhes a barriga arrancaram-lhes os filhos ainda por nascer...”

A Federação dos Cientistas Americanos citou fontes do Departamento da Defesa acerca da guerra química bactereológica. Chegou à conclusão de que estão a ser usados produtos venenosos pelos Estados Unidos no Vietname do Sul, sendo este país utilizado como campo de ensaios da guerra química bactereológica.

Um funcionário governamental - Artur Sylvester, subsecretário da Defesa - declarou publicamente, em Dezembro de 1962, que a mentira é uma arma, cujo uso pelo Governo se justifica. Portanto, não se pode deixar de suspeitar que estes gases não letais sejam afinal mortais que a sua utilização tem por objectivo despovoar o Vietname, tanto o do Norte como o do Sul. Fontes americanas qualificadas afirmaram já que o próximo passo a dar pela América será a destruição da China. Uma vez destruído este país, os americanos passarão a prestar assistência aos seus homens de confiança do Partido Trabalhista britânico, nas suas lutas na Malásia. Depois, “libertarão” vários outros países da Ásia e da África, anteriormente felizes. Quando todas estas tarefas estiverem realizadas, a América dominará o mundo. Ninguém se atreverá a resistir, pois a resistência será inútil. Um povo que se tornou cruel através da carnificina em larga escala, não sentirá qualquer constrangimento em praticar barbaridades, que nessa altura terão passado a ser moeda corrente em qualquer parte do mundo. Haverá alguma coisa capaz de impedir o estabelecimento deste império universal do mal? Certamente: o primeiro passo é ajudar o povo do Vietname nos seus esforços para conquistar e preservar a sua liberdade. Quanto aos outros passos a dar, se a humanidade conseguir vencer a ameaça de uma guerra nuclear, a única esperança para o mundo reside mos melhores elementos do povo americano se recusarem a seguir os genocidas na sua fatal carreira e darem à humanidade novas possibilidades de sobrevivência.

O povo não pode aceitar a estranha lógica de ser morto ou preso em nome da liberdade.

O New York Herald Tribune, de 23 de Novembro de 1962, afirmava: “Os Estados Unidos estão profundamente implicados na maior guerra secreta da sua história. Nunca tantos militares americanos estiveram envolvidos numa zona de combate sem haver qualquer comunicação formal ao público acerca da situação real. É uma guerra que se trava sem comunicados oficiais ou informações sobre o número de soldados em acção ou sobre a quantidade de dinheiro ematerial despendidos”.

O napalm é um produto químico que arde ininterruptamente e não pode ser extinto. As vítimas sucumbem diante do terror dos presentes. O objetivo desta arma é criar a histeria, o pânico, assim como aniquilar. Foi lançada sobre mais de 1.400 aldeias. Os Estados Unidos têm despendido um milhão de dólares diariamente com esta guerra.

A tragédia do Vietname indica até que ponto é possível esconder ou disfarçar crimes horríveis, sendo tempo de os ocidentais erguerem as suas vozes e exigirem o fim da carnificina.... Considera-se sagrado o papel dos Estados Unidos como eterno intruso nos assuntos internacionais das outras nações. Aceita-se com satisfação o direito de os Estados Unidos interferirem noutros países, se o procedimento adotado por estes países no campo social político se revelar incompatível com o poder económico privado.

Se alguma coisa os ameaça, então proclama-se que a “liberdade” está em perigo, o Governo dos E. U., o seu poderio militar passam à ação. Se ocorre um levantamento nacional no Vietname, a intervenção americana é designada por (reação contra a agressão externa” - como se a América tivesse o direito de considerar parte integrante do seu território nacional um país situado nas fronteiras com a China. ...O verdadeiro papel dos Estados Unidos nos problemas mundiais ou quais os fatos exatos acerca de conflitos como o do Vietname.

Existem alguns movimentos, poderosos crescentes, no sentido de evitar a guerra, mas é duvidoso que cresçam suficientemente depressa para vencerem os interesses da indústria dos armamentos e a paixão das vaidades nacionalistas, uma vez que não podem tornar-se decisivos sem uma alteração profunda dos sentimentos dos povos. Terá de haver uma crença muito menor na perversidade do “inimigo” uma percepção muito mais perfeita dos efeitos catastróficos da guerra nuclear. Terá de haver uma difusão generalizada de bom senso, não obstante a pressão governamental no sentido da catástrofe. Terá de compreender-se que o assassínio em massa não é a obrigação mais importante do homem que o único caminho que leva ao bem-estar geral é o da cooperação. Se isto poderá ser feito ou não antes de a guerra rebentar - essa é a grande interrogação do nosso tempo. O que é melhor para as nações: viverem harmonicamente na felicidade ou perecerem na agonia? É difícil, à opinião pública, inverter a política dos governos, mas não acredito que seja impossível. Tentar fazê-lo é o dever supremo de todo o ser lúcido humano. Quais os passos a dar nesta direção? O primeiro e o mais fácil é incluir a China nas Nações Unidas. A guerra do Vietname deve acabar, a contento dos respectivos habitantes; o Vietname do Norte o Vietname do Sul deverão ser unificados neutralizados, como se prescreveu nos acordos de Genebra de 1954. A guerra civil no Congo deve acabar, mas não acarretando uma extensão do imperialismo do Ocidente. A influência dos Estados Unidos na América Latina terá de deixar de assumir a forma de apoio a governos capitalistas que prolongam a pobreza das grandes massas de população. O ódio mútuo entre os árabes e judeus deverá ser atenuado. Impõe-se encontrar uma solução para o problema alemão. Mas, acima de tudo, há que dar início ao desarmamento nuclear. A maior parte destes passos deverão ser dados depressa; todos eles deverão ser iniciados com uma promessa séria de estarem concluídos em breve. Se tudo isto for realizado, haverá nova esperança para o mundo. Se não for, o resvalar para a catástrofe prosseguirá com velocidade crescente. Os seres humanos terão demonstrado que não se distinguem dos animais inferiores.

Os detentores do poder na América criaram um mito com que pretendem justificar crueldades equivalentes às de Hitler. este mito apresenta duas faces: por um lado, sustenta que todos os comunistas são perversos, pelo outro, sustenta que todos os movimentos de reforma, em toda a parte, são inspirados ou aproveitados pelos comunistas, devendo ser portanto combatidos logo à nascença. Serve tal mito para apoiar governos corruptos ondequer que os Estados Unidos disponham de poder para fazê-lo. Finge-se que os povos não podem certamente gostar da espécie de governos que os comunistas favorecem ou deixar de gostar do tipo de tirania que os americanos designam por “o mundo livre” .

Um dos métodos de tortura empregados pelas tropas americanas é a electrocução parcial ou “frigideira” . Henri Alleg, uma das suas primeiras vítimas, descreveu-a pormenorizadamente no livro La Question (N. T.)

Analisemos, em síntese, a natureza do poderio americano.

3.300 bases militares grandes esquadras em circulação - albergando mísseis bombardeiros atómicos - estãoe spalhadas pelo nosso planeta a fim de garantir ao capitalismo dos E. U. a posse e controle de sessenta por cento dos recursos mundiais. Sessenta por cento dos recursos mundiais pertencem aos chefes de seis por cento da população mundial. A agressividade deste império impõe à humanidade uma despesa de 140.000 milhões de dólares por ano, ou seja, 16 milhões de dólares por hora. As despesas ordinárias com armamento excedem o rendimento nacional de todos os países em desenvolvimento; excedem as exportações anuais de todas as mercadorias; excedem o rendimento nacional da África, da Ásia da América Latina. O orçamento militar dos E.U. é de, aproximadamente, 60. milhões de dólares.

Um projétil Atlas custa 30 milhões, ou seja o equivalente ao investimento total necessário para a criação de uma fábrica de adubos de azoto, com uma capacidade produtiva de 70.000 toneladas anualmente. Consideremos o caso exclusivamente em comparação com o Reino Unido, tomando-se por exemplo um país próspero: um míssil obsoleto equivale a quatro universidades, um TSR 2 equivale a cinco hospitais modernos, um míssil terra-ar equivale a 100.000 tratores. No decurso dos últimos quatorze anos, os E. U. despenderam 4.000 milhões de dólares na compra de Excedentes agrícolas. Milhões de toneladas de trigo, aveia, cevada, milho, manteiga queijo foram armazenadas e destruídas, com a finalidade de manter os preços Elevados nos mercados mundiais. Deitam tinta azul em montanhas de manteiga de queijo, para que se torne impossível a sua utilização.

Por volta de 1960, 125 milhões de toneladas de cereais transformáveis em pão haviam sido armazenadas nos Estados Unidos, a fim de serem destruídas - o que representava uma quantidade de pão suficiente para todos os cidadãos da índia, durante um ano. Não é possível fazer uma ideia das enormes quantidades de produtos alimentares que, de modo calculista, são destruídos pelos magnates do capitalismo americano, sem outro objetivo que não seja a continuação dos seus lucros e a permanência do seu poder. Como abutres, o punhado de ricaços engorda à custa dos pobres, dos explorados, dos oprimidos. Uma descida de 5% no preço mundial das exportações mais importantes de qualquer país acarretaria, segundo Dag Hammarskjold, a retirada imediata de todos os investimentos do Banco Mundial, das Nações Unidas, assim como de todos os investimentos bilaterais ou de outro tipo. Eram estes os receios de Hammarskjold. Quais são os fatos? Nos últimos anos, os preços têm sofrido especulações - de que os países pobres são vítimas - não só de 5% como também de 40%. A produção industrial do capitalismo ocidental é utilizada, conscientemente, não só para perpetuar a fome que existe no mundo mas também para a aumentar largamente com objetivos de lucro. Na África do Sul, morrem anualmente 10.000 crianças vitimadas pelas gastroenterites.

As bexigas, que flagelam muitos países, poderiam ser eliminadas pelo preço de 500.000 dólares. Centenas de milhões de pessoas padecem de uma doença cutânea contagiosa susceptível de ser curada graças a uma injeção de penicilina, cujo custo é de dois escudos. Quinhentos milhões de indivíduos sofrem de tracoma. Sessenta por cento das crianças africanas têm doenças provocadas pelas carências de proteínas, como o kwashiokor, o beribéri ou a pelagra. Quando amontoam alimentos e os destroem, os capitalistas americanos não se limitam a privar deles os esfomeados, forçando ao mesmo tempo os países em desenvolvimento a comprar alimentos a preços elevados. As riquezas da terra são destruídas, desperdiçadas, roubadas por uma minoria são utilizadas para assassinar milhões de pessoas. 3.300 bases militares estão espalhadas pelo nosso planeta, com a finalidade de impedir os povos de destruírem este maléfico sistema. Examinemos agora o papel da indústria de guerra nos Estados Unidos. O Departamento da Defesa dos Estados Unidos dispõe de bens avaliados em 160 biliões de dólares, em 1954. Entretanto, este valor quase duplicou. O Departamento da Defesa dos E. U. é a mais vasta organização do mundo. O Pentágono possui milhares de acres de terreno, incluindo trinta dois milhões nos Estados Unidos mais de três milhões de acres noutros países. O edifício do Pentágono é tão grande que qualquer um dos seus cinco seguimentos principais poderia absorver o Capitólio, edifício em que se encontra o Governo dos Estados Unidos. O orçamento de 1962 destinou 53 biliões de dólares a armamentos, não contando com o programa espacial militar.

Assim, por altura de 1962, despendiam-se 63 cêntimos em cada dólar nos armamentos e na investigação espacial. Mais 6 centimes eram gastos com os serviços militares mais de 80% dos pagamentos de juros iam cobrir as dívidas militares. 77 centimes em 100 são gastos com guerras já terminadas, a guerra fria os preparativos para uma futura guerra. Os bilhões de dólares metidos nos bolsos dos militares americanos dão ao Pentágono um poderio económico que afeta todos os aspectos da vida americana e de toda a humanidade. Os fundos militares nos Estados Unidos são três vezes maiores que os fundos dos grandes monopólios no seu conjunto, são maiores que os da United Estates Steel, da Metropolitan Life Insurance, da American Telephone and Telegraph, da General Motors da Estandard Oil. O Departamento da Defesa tem um número de funcionários que é três vezes superior ao de todas estas grandes companhias mundiais.

Despesas militares

Os Estados Unidos no seu conjunto dedicam mais de 50% do total das contas públicas às despesas militares. Este investimento colossal é feito com objetivos de exploração e domínio. Todos os armazéns de produtos alimentícios como todas as estações de gasolina da América exigem, sob o capitalismo, que se perpetue a produção de armamentos. É este o sistema mundial do imperialismo. o sistema possui também um exército silencioso: a Central Intelligence Agency. A C. I. A. dispõe de um orçamento quinze vezes superior ao de toda a atividade diplomática dos Estados Unidos. esta enorme agência compra membros do exército da polícia nos mais diversos países, pelo mundo fora. Organiza festas de dirigentes políticos populares que devem ser assassinados. Conspira no sentido de desencadear guerras, invade países.

Brasil (João Goulart)

Na América Latina, um bando de generais reacionários, instigados pela C. I. A. pelo embaixador dos E. U. no Brasil - Lincoln Gordon - derrubou o Governo democrático de João Goulart. Na Argentina, os tanques americanos esmagaram o Governo civil de Arturo Frondizi, apenas porque este político conservador - representante dos interesses da classe média - não mostrava a subserviência suficiente em relação ao capitalismo americano. Houve golpes militares de carácter brutal no Equador, na Bolívia, na Guatemala, nas Honduras. Durante décadas, os Estados Unidos armaram e apoiaram um dos mais bárbaros selvagens governantes de todos os tempos modernos - Trujillo. Quando Trujillo já não correspondia aos seus interesses, deixaram-no seguir o mesmo destino de Ngo Dinh Diem. Todavia, os Estados Unidos continuaram a ser inimigos do povo da República Dominicana, como se pode ver pela arrogante intervenção militar destinada a esmagar a corajosa revolução de Abril de 1965. O fato de esta descarada agressão ser indultada pelas Nações Unidas a habilidade dos Estados Unidos para escaparem à expulsão do seio das Nações Unidas, em virtude de grosseira violação da Carta, vêm mostrar que as Nações Unidas se tornaram um instrumento da agressão americana, como a que foi cometida na República Dominicana, Toda a minha simpatia vai para a luta do povo da República Dominicana, luta essa que prossegue neste preciso momento.

Imperialismo americano

A fonte da guerra e do sofrimento encontra-se no seio do imperialismo americano. Onde quer que haja fome, onde quer que a tirania imponha a sua exploração, onde quer que os indivíduos sejam torturados as massas condenadas ao aniquilamento pela doença pela fome, a força que detém o poder deriva de Washington.

Armas usadas na guerra

A vossa força aérea faz 650 surtidas ao Vietname do Norte por semana a tonelagem de bombas lançadas no Vietname do Sul é superior às utilizadas na segunda guerra mundial ou na guerra da Coreia. Estais a usar o napalm, que queima tudo em que toca. Estais a usar bombas de fósforo, que corrói como um ácido todos aqueles que atinge. Estais a usar bombas de estilhaços "lazy dogs", (bomba contendo dez mil pedaços de aço cortante como lâminas). Esta espécie de lâminas despedaça os aldeãos, contra os quais essas armas destruidoras são empregadas constantemente, dilaceram e cortam aos pedaços mulheres e crianças das aldeias, atingidas sem descriminação. Estais a usar produtos venenosos que provocam a cegueira, afetam o sistema nervoso e produzem a paralisia. Estais a usar gases venenosos indicados na categoria de venenos, nos manuais militares da segunda guerra mundial, outros gases tão mortais que até alguns dos soldados que os empregam têm morrido, apesar de terem máscara. Quando regressais de um combate, perguntais a vós mesmos quem é este povo que estais a matar? Quantas mulheres e crianças morreram hoje pelas vossas mãos? Que sentiríeis, se estas coisas acontecessem nos Estados Unidos às vossas mulheres, aos vossos filhos e aos vossos pais? Como é que podeis suportar os pensamentos que vos evocam o que acontece à vossa volta dia após dia, semana após semana? Faço-vos estas perguntas porque sois os responsáveis e nas vossas mãos está a escolha quanto ao prosseguimento desta guerra criminosa.

Estais a ser manobrados para enriquecer um punhado de industriais, cujos lucros dependem de tirar a outros países os respectivos recursos

A Grã-Bretanha transformou-se em serva de um tiranete, mas de um tiranete brutal sem coração. Se presentemente não passamos fome, porque os povos da África, da Ásia, da América Latina morreram todos os dias para nos garantirem a alimentação, a verdade é que esta imerecida abundância nos degrada e corrompe. O fato de a penúria servir de abundância foi sempre causa de desonra para os beneficiários da miséria, desde os tempos da escravatura no Egipo desde os primórdios do cristianismo até os nossos dias. Ninguém entre aqueles que, no Ocidente, usufruem um elevado nível de vida - que inevitavelmente deriva da violência da exploração - tem o direito de exigir, nos termos em que a questão é posta, que um povo cesse de lutar contra a exploração que sobre ele exercemos. Não pode haver paz de qualquer valor ou duração se for uma paz de escravidão, nem podemos nós alcançar a paz do espírito, solicitando aos esfomeados oprimidos que morram em silêncio. Não darão ouvidos a tão patético pedido. Não devem dar. Nem devemos nós fazê-lo.

Casta dirigente

Trata-se de uma casta dirigente que se conserva no poder quem quer que seja eleito para desempenhar nominalmente funções públicas, achando-se cada Presidente na obrigação de servir os interesses deste grupo todo poderoso. Assim, a democracia americana esvaziou-se do seu conteúdo, tornando-se falha de vida significado, porque os americanos não são capazes de pôr de lado os homens que realmente os regem. É esta concentração de poder que obriga o Pentágono a grande indústria a prosseguir na corrida aos armamentos como uma finalidade em si mesma.

Indústrias de Armamentos

Outros quatro milhões trabalham diretamente nas indústrias de armamentos. Em muitas cidades, a produção militar corresponde a 80% de todas as indústrias. Mais de 50% do produto nacional bruto dos Estados Unidos são dedicados às despesas militares. Este enorme sistema militar cobre o mundo por meio de 3.000 bases militares, com o único objetivo de proteger o mesmo império que foi referido tão claramente nas declarações do Presidente Eisenhower, do conselheiro do Departamento de estado do New York Times, já citadas por mim. Desde o Vietname até à República Dominicana, desde o Médio Oriente até ao Congo, os interesses econômicos de algumas companhias gigantescas, juntamente com a indústria de armamentos os próprios militares determinam o destino dos americanos. É sob as suas ordens que os Estados Unidos invadem e oprimem povos famintos indefesos.

C.I.A

A C. I. A., que dispõe de um orçamento quinze vezes maior que o de todas as atividades diplomáticas dos Estados Unidos, está implicada no assassínio de chefes do estado em conspirações contra os governos independentes. Esta sinistra atividade tem por objetivo destruir os dirigentes e a organização dos povos que lutam por se libertar da asfixia provocada pelo domínio económico político dos americanos. O militarismo dos E. U. é inseparável do mesmo capitalismo predatório que reduziu à pobreza o próprio povo americano, pelo menos até onde alcança a memória desta geração.

Claude therly - piloto da bomba atômica

O seu livro Burning Conscience tornou conhecido o caso de Claude therly, um dos pilotos implicados no bombardeamento de Hiroxina.

Contribuição

Se os leitores deste livro desejarem contribuir de qualquer destes modos com a sua ajuda ou colaborar na distribuição das actas do julgamento após a realização deste, muito grato ficarei se screverem para: Bertrand Russell Peace Foundation, 3 & 4 Shavers Place, Haymarket, London, S.

A única alternativa que nos resta é a paz ou o extermínio. 237

Sempre pensei que os progressos científicos servissem para atender ao bem-estar das pessoas e ajudá-las a viver. Os governantes dos Estados Unidos utilizam-se dos conhecimentos científicos para atormentar e massacrar o nosso povo. estão fazendo isto em todo o território do Vietname. É este o procedimento da nação que se diz a mais civilizada do mundo livre. É isto que stão a fazer no meu país. Quero dizer-lhe que eu, pessoalmente, estou comovido profundamente e impressionado com os protestos dos intelectuais estudantes americanos. esses protestos causaram profunda impressão ao nosso povo. espero que lhes transmita os meus sinceros agradecimentos. Nós sentimos que estamos a lutar não só pelo Vietname, mas também pelos povos do mundo inteiro. espero que venha a poder dar as boas-vindas a intelectuais americanos num Vietname independente. Por favor, transmita as minhas mais cordiais saudações e votos de longevidade a Bertrand Russell. Desejo que a sua atividade pela humanidade obtenha sucesso. Sou-lhes muito grato.

Reich

Todos já ouviram falar do Terceiro Reich de Hitler, mas o que foram os primeiros e Segundo Reich? O Primeiro é conhecido como o Sacro Império Romano, embora tenha sido nem santo, nem romano, nem um império. Foi fundada pelo rei franco, Charles I, chamado de Carlos Magno, que foi coroado imperador em 800 dc pelo Papa Leão III, após a conquista e anexação da Europa, incluindo Alemanha, Suíça, Áustria, Países Baixos, e partes da França, Itália e Tchecoslováquia é o império monárquico, modelado após o Império Romano e governado por kaisers, ou imperadores, existia até 1806, quando Napoleão marchou com suas tropas em Berlim.

O Segundo Reich foi criado pelo príncipe Otto von Bismarck, que, como Premier do SIA Prus derrotou Napoleão III em 1871 e tornou-se o "Chanceler de ferro". Bismarck Reich, ao final chefiada pelo Kaiser Wilhelm II, durou até 1918 e terminou com a derrota das Potências Centrais de Alemanha e Áustria- Hungria na Primeira Guerra Mundial I. Com a ascensão de Adolf Hitler ao poder em 1933, ele proclamou Grande Alemanha como o Terceiro Reich, Reich é a palavra alemã para "império".

Curiosamente, quando usado com r minúscula, a palavra significa reich "Rico" ou "ricos". Um Reich, portanto, poderia significar "um império do ricos." O termo "nazista" deriva da sigla de "nacional-socialismo. Partido Nacional Socialista Alemão. Partido dos Trabalhadores. Este foi um dos partidos políticos de Hitler que ajudou na construção de um sistema fascista que ameaçava todo o mundo. O nazismo é uma filosofia. Um recente dicionário define nazista como uma pessoa de opiniões extremamente racistas e comportamento brutal..

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O objetivo da educação

O objetivo da educação, como diz Russell, é "dar um sentido do valor das coisas em vez da dominação", para ajudar a criar "cidadãos sábios de uma comunidade livre" na qual a liberdade e a "criatividade individual" prosperarão, e os trabalhadores serão os mestres de seu destino, não ferramentas de produção. As estruturas ilegítimas de coerção devem ser desenredadas; crucialmente, a dominação pelos "negócios na busca do lucro pelo controle privado de bancos, terras e indústria, reforçada pelo comando da imprensa, dos agentes de imprensa e outros meios de publicidade e propaganda" (Dewey)

Governo do Brasil (Noam Chomsky)

Ou alguém desiludido poderia perguntar como o mesmo governo, no auge do liberalismo americano, estava "reprimindo uma ameaça global às democracias de mercado" quando preparou a deposição do governo parlamentar do Brasil, pavimentando o caminho para um regime de assassinos e torturadores, com um efeito dominó que deixou esses regimes neonazistas em controle de grande parte do hemisfério, sempre com o apoio firme dos Estados Unidos, se não por sua própria iniciativa.

No que concerne ao estratagema militar no Brasil, foi "uma grande vitória para o mundo livre", registrou o embaixador do governo Kennedy, encarregado de "preservar e não destruir a democracia brasileira". Foi a vitória isolada da liberdade mais decisiva na metade do século XX", que deveria "criar um ambiente muito melhor para os investimentos privados" − então, nesse sentido, pelo menos, havia uma ameaça à democracia de mercado. Considerando−se que as verdades permanentes são a "definição da nossa identidade nacional", também não temos de avaliar outros casos ou, de fato, nem todo o registro histórico, que revela que os Estados Unidos agiram com o intuito de destruir a democracia e abalar os direitos humanos de modo consistente, mudando os pretextos para satisfazer as exigências doutrinais inesperadas. Durante muitos anos, a justificação reflexiva para qualquer horror era a Guerra Fria, uma fábula que regularmente desmorona, caso a caso, quando é investigada. Uma indicação geral de sua significação é a continuidade de políticas anteriores e posteriores. O czar estava sentado firmemente em seu trono quando Woodrow Wilson, atendo−se à longa tradição, iniciou suas invasões assassinas no Haiti e na República Dominicana. Esse exercício do "idealismo wilsoniano" matou milhares, restabeleceu a escravidão no Haiti e desmantelou seu sistema parlamentar porque os legisladores recusaram−se a aceitar uma Constituição "progressista" escrita em Washington que permitia aos investidores americanos transformar o país em sua colônia privada; e, talvez, mais importante, deixou ambos os países nas mãos dos exércitos terroristas dedicados à "segurança interna", treinando−os e armando−os para a tarefa. Com os bolcheviques fora do caminho, os Estados Unidos defendiam a si próprios dos hunos. Em anos anteriores, a conquista e o terror eram atos de autodefesa contra (entre outros) a Espanha, a Inglaterra e os "índios selvagens sem compaixão", cujos crimes são denunciados na Declaração de Independência, numa inversão extraordinária dos fatos que quase nem é notada 200 anos depois. Americanos inocentes estiveram sob ataque das "multidões de índios sem lei" e "negros fujões" travando uma "guerra selvagem, servil e exterminadora contra os Estados Unidos" em 1818; a justificativa oficial do secretário de Estado, John Quincy Adams, para a conquista da Florida em 1818 na qual o general Andrew Jackson estava exterminando os indígenas e os escravos fugitivos no território conquistado, um papel importante e muito admirado do estado que estabaleceu a doutrina da guerra do poder executivo sem a aprovação do Congresso exigida pela Constituição. Assim continua a feia história. Algumas vezes o inimigo é o mundo inteiro. O presidente Lyndon Johnson advertiu, em novembro de 1966, que as pessoas lá fora equivalem a 15 para 1 de nós e "se eles decidissem usar o seu poder, eles limpariam os Estados Unidos e tomariam o que temos".

DEMOCRACIA: "REPRIMINDO O POVO"

Seria injusto sugerir que todos considerem os fatos irrelevantes. Já mencionei alguns exemplos do contrário e há outros. Tomemos a democracia que é, de acordo com a lei, o principio que guia e inspira a liderança política sobre qualquer outro princípio. Para avaliar a teoria, voltamo−nos naturalmente ao lugar onde os planejadores da política tinham uma liberdade relativa de ação: "nossa pequena região aqui", rica em recursos e potencial, e uma das piores câmaras de horror do mundo − um outro fato do qual não vamos ouvir nada. E no que concerne aos anos 80, na época em houve ainda uma outra "mudança de curso" quando o governo Reagan liderou uma grande cruzada para levar os benefícios da democracia ao povo oprimido? Talvez os estudos mais sérios sobre o assunto sejam de Thomas Carothers, que combina a visão de um historiador com a de uma pessoa que tem acesso a informações privilegiadas, já que esteve envolvido nos programas do governo Reagan para "dar assistência à democracia" na América Latina. Tais programas foram "sinceros", escreve, mas também um grande fracasso − conquanto um fracasso estranhamente sistemático. Onde a influência americana foi menor, o progresso foi maior; no Cone Sul houve progresso real que foi hostilizado pelos reaganistas até que assumiram o crédito quando não puderam mais nadar contra a corrente. Onde a influência americana foi maior − m América Central − o progresso foi menor. Neste caso, Washington, "inevitavelmente, buscou formas limitadas e do topo à base de mudanças na democracia que não pusessem em risco as estruturas tradicionais inquietantes de poder das quais os Estados Unidos, durante um longo tempo, foram aliados", escreve Carothers. Os americanos tentaram manter "a ordem básica de .. sociedades muito pouco democráticas" e evitar "mudanças populistas" que poderiam perturbar as "ordens política e econômica estabelecidas" e inaugurar "um direcionamento esquerdista". Como, de fato, é costume.

Nicarágua

E somente observando intimamente casos individuais que se pode apreciar o tamanho do medo e aversão da elite à democracia. Um dos exemplos mais instrutivos é a Nicarágua, também muito bem estudado, mas em um trabalho que permanece longe dos olhos do público. A Nicarágua tinha eleições em 1984, elogiadas amplamente até por observadores internacionais hostis e pela organização profissional dos pesquisadores latino−americanos, que as estudou com uma profundidade incomum. Mas as eleições não podiam ser controladas, assim elas não ocorreram. Ponto final. As primeiras eleições, por decreto oficial e sistema universal, foram em 1990 − não necessitamos nos demorar na versão oficial de que as eleições sempre previstas para 1990 só foram realizadas graças às pressões americanas, apologéticos padrões para a guerra terrorista. Quando iniciou a campanha eleitoral, a Casa Branca anunciou que o terror americano e a guerra econômica iriam continuar, a menos que o candidato de Washinton fosse eleito; isso não é considerado interferência no "processo democrático" nos Estados Unidos, ou no Ocidente em geral. Quando a eleição ocorreu "da forma correta", a imprensa latino−americana, amplamente hostil aos sandinistas, a interpretou genericamente como uma vitória para George Bush. A reação americana foi diferente. O Newspaper of Record foi típico, com suas manchetes aclamando a "Vitória do Jogo Limpo Americano" com seus cidadãos "Unidos na Alegria" no estilo da Albânia e da Coréia do Norte. No limite, o colunista Anthony Lewis quase não podia conter sua admiração pela "experiência em paz e democracia" de Washington que deu "testemunho recente do poder da idéia de Jefferson: governo com o consentimento dos governados ... Dizer isso parece romântico, pois então vivemos em uma época romântica".

Contrato com a América" de Gingrich

Há também outra informação interessante. Durante a campanha pelo Congresso, quando a propaganda de Gingrich sobre o estado−provedor e os excessos da previdência social estava repercutindo muito e os Novos Democratas estavam na disputa, ninguém teve vontade de manifestar uma simples réplica: Gingrich é o defensor do estado de bem−estar mais importante do país − para os ricos. As razões para o silêncio são simples de compreender: os interesses de classe prevalecem sobre os restritos interesses políticos. É aceito além das querelas políticas que os ricos devem ser protegidos de uma disciplina de mercado por um estado de bem−estar poderoso e intervencionista. O "Contrato com a América" de Gingrich exemplifica concisamente a ideologia de dois gumes do "livre−mercado": proteção do Estado e subsídio público para os ricos, disciplina de mercado para os pobres. O contrato defendia "cortes nos gastos sociais" − para os pobres e abandonados, incluindo as crianças e os idosos − e o aumento no bem−estar para os ricos, nas formas clássicas: medidas fiscais regressivas e total subsídio. Na primeira categoria estão o aumento nas isenções de impostos para os ricos e os empresários, cortes nos ganhos de capital, etc. No último, incluem−se os subsídios aos contribuintes para investimentos em sedes e equipamentos, regras mais favoráveis à desvalorização e ao desmantelamento do aparato regulador que meramente protege o povo e as futuras gerações. As formulações são consideravelmente imprudentes. Dessa maneira, as propostas de incentivos para os negócios, cortes regressivos de impostos e outros benefícios para os ricos aparecem sob o título "O Ato de Criar Empregos e o Aumento de Salários dos Trabalhadores". O capítulo inclui sugestões de medidas para "criar empregos e aumentar os salários dos trabalhadores" − com o acréscimo da seguinte palavra: "flutuante". Mas não importa, dadas as convenções predominantes em que "empregos" significam "lucros"; assim sendo, de fato, uma proposta de "criação de empregos" que continuará "acentuando" descendentemente os salários. O Contrato também pede o "reforço da defesa nacional" de modo que possamos melhor "manter nossa credibilidade perante o mundo" − assim, qualquer um que tenha idéias esquisitas, como padres e organizadores de camponeses na América Latina, pensará duas vezes.

Cardeal brasileiro Dom Paulo Evaristo Arns

O espírito geral do hemisfério Sul foi apreendido pelo cardeal brasileiro Dom Paulo Evaristo Arns que observou que nos países árabes "os ricos tomaram o partido do governo americano enquanto os milhões de pobres condenaram sua agressão militar". Por todo o Terceiro Mundo "há raiva e medo; quando eles se decidirão nos invadir", e sob que pretexto? Desconsideradas as exceções, nada disso chega ao norte, mergulhado em triunfalismo e autocongratulações.

Palestinos (Noam Chomsky)

Israel continua se recusando a permitir que investidores palestinos abram pequenas fábricas e que os pescadores são mantidos a seis quilômetros da costa, lugar onde não há peixes nos meses de verão. Visitantes relatam que o abastecimento limitado de água nessa região muito árida é utilizado para a agricultura israelense intensiva, ou até mesmo para lagos artificiais em balneários elegantes. Enquanto isso, o abastecimento de água para os palestinos em Gaza foi cortado pela metade desde os Acordos de Oslo, escreveu o investigador de direitos humanos das Nações Unidas, Rene Felber, em um relatório crítico e severo sobre as condições carcerárias e a política no fornecimento de água. Ele se demitiu pouco tempo depois, comentando que não tem sentido apresentar relatórios que vão direto às cestas de lixo.

"Grandes obras e altos investimentos" por parte do governo "encorajam os judeus a assentarem−se" na antiga Jerusalém Leste árabe, enquanto as autoridades "impedem as obras e o desenvolvimento da população palestina", como em todos os outros territórios e na própria Israel. A maioria da terra expropriada era propriedade privada de árabes, relata o B"Tselem: 85%, de acordo com o ministro israelense Yair Tzaban. "Aproximadamente 38.500 casas foram construídas para a população judia nessas terras, mas nenhuma casa para palestinos". Mais ainda, "foram proibidas obras na maioria das áreas que ainda estão nas mãos dos palestinos". "Somente 14% de toda a terra em Jerusalém Leste está destinada ao desenvolvimento de bairros palestinos". As "zonas verdes" são estabelecidas como "um método cínico na tentativa de privar os palestinos do direito de construir sobre suas próprias terras e preservar essas zonas como locais para futuras obras em beneficio da população judia"; a implementação de tais planos é regularmente relatada.

As políticas foram planejadas pelo prefeito Teddy Kollek, que tem sido muito admirado no ocidente como um democrata e humanitário extraordinário. Seu objetivo, comenta o conselheiro de Kollek sobre assuntos árabes, Amir Cheshin, era "colocar dificuldades no caminho do planejamento no setor árabe". "Eu não quero dar [aos árabes] uma sensação de igualdade", explicou Kollek, embora valesse a pena fazer isso "aqui e acolá, onde não nos custasse muito"; de outra forma, "nós vamos sofrer". A comissão de planejamento de Kollek também aconselhou o desenvolvimento para os árabes se ele tivesse "um efeito "vitrine", que "será visto por um grande número de pessoas (residentes, turistas, etc.)". Kollek informou a mídia israelense em 1990 que, para os árabes, ele "não tinha criado nada nem construído nada", à parte de um sistema de esgotos − que, ele enfatizou para convencer seus ouvintes, não foi projetado "para seu beneficio, para seu bem−estar", "seu" referindo−se aos árabes de Jerusalém. Mais especificamente, "havia alguns casos de cólera [em setores árabes] , e os judeus estavam temerosos de pegar a doença, assim construímos um sistema de água e esgoto contra o cólera". Sob o sucessor de Kollek, o prefeito do Likud, Ehud Olmert, o tratamento dos árabes tornou−se consideravelmente mais severo, de acordo com relatos locais. como a Corte Mundial e outras instituições internacionais, as Nações Unidas fazem o que os Estados Unidos querem, ou é repudiada; e a expansão de Israel às custas dos palestinos é a política tradicional americana, atingindo níveis mais altos no governo Clinton.

O uso de armamentos nucleares é um crime sob a legislação internacional − conseqüentemente, por implicação, sua posse também.

Brasil

O mesmo treinamento facilitou os crimes de guerra no Timor, e em muitos outros lugares. Certamente, é razoável que continuem. A Indonésia não é uma exceção à regra. É fácil não entender o significado de decisões políticas se nos restringimos a somente uma época e lugar específicos; uma grande potência tem uma visão mais ampla e uma investigação séria levará as ações de volta às suas fontes; neste caso, compreender−se−ia melhor os acontecimentos. Direcionando−nos a uma outra parte do mundo na mesma época, depois da derrubada do regime parlamentar do Brasil pelos generais neonazistas apoiados pelos Estados Unidos, os liberais de Kennedy que ainda estavam controlando a situação observaram mais de perto os resultados de sua decisão histórica de modificar a missão dos militares latino−americanos para "segurança interna". Em junho de 1965, o Ministério da Defesa de McNamara distribuiu um memorando (secreto) intitulado "Estudo da Política Americana Direcionada às Forças Militares da América Latina", expressando contentamento pelo sucesso em "atingir os objetivos estabelecidos" pelos programas de suporte e treinamento militares que melhoraram as "aptidões da segurança interna", estabeleceram a "influência militar americana predominante" e deram aos militares a compreensão dos objetivos americanos e a orientação em direção a eles", em particular, a necessidade de proteger e promover o investimento e o comércio americanos", a "raiz econômica" de política que se tornou "mais forte" do que outras. Essa compreensão e orientação têm importância singular no "ambiente cultural latino−americano", onde os militares devem estar preparados para tirar os líderes do governo dos gabinetes a qualquer momento; no julgamento dos militares, a gestão desses líderes é prejudicial ao bem−estar da nação". Considerando−se que os militares são "provavelmente, os menos antiamericanos dentre quaisquer grupos políticos [sic] na América Latina", eles devem ter um papel fundamental na "luta revolucionária pelo poder entre os grandes grupos" observados nesse processo pelos marxistas reinantes em Washington, como tinha recém−ocorrido, com sucesso, no Brasil e breve ocorreria em quase toda a América Latina. As mesmas razões mantiveram−se, e logo foram aplicadas, na Indonésia, nas Filipinas, na Tailândia, na Grécia e em muitos outros lugares. Lembre−se de que essa é a avaliação do extremo liberal baseada nas antigas idéias de George Kennan de que "não deveríamos hesitar ante a repressão policial pelo governo local" e de que "é melhor ter um regime forte no poder do que um governo liberal se este é indulgente, brando e penetrado por comunistas". Lembre−se também de que o último termo é interpretado de modo muito amplo, incluindo virtualmente qualquer um que esteja no caminho, e que o problema apresentado pelos "comunistas" é, algumas vezes, encarado honestamente. Como o presidente Einsenhower e o secretário de Estado Dulles concluíram com lástima em uma discussão privada, os "comunistas" podem "apelar diretamente às massas" e "obter o controle dos movimentos de massa", "algo que não temos capacidade para repetir" porque os pobres são aqueles para os quais apelam e eles sempre quiseram espoliar os ricos". É necessário, conseqüentemente, voltarmos aos militares que, com treinamento apropriado em universidades americanas e instalações militares, ganharão "a compreensão dos objetivos americanos e a orientação em direção a eles" sobre quem deveria espoliar quem. A história subseqüente da Indonésia é um caso em questão para o qual nos voltamos diretamente.

Timor Leste

Washington Journalism Review, uma importante revista de crítica de imprensa, o especialista em Ásia. Eles acrescentaram ainda que "99,99% do povo americano não se importa com o Timor", enquanto depreciavam "aquela longa história sobre o Timor no New York Times" que podia torná−los conhecedores do segredo; e, nesse caso, eles certamente se importariam, diferentemente de seus superiores. Em particular, se descobrissem o papel americano ainda ocultado.

A situação mudou nos últimos anos. As vendas de armas para a Indonésia caíram como um resultado de pressões populares e do Congresso, O resultado do trabalho de uns poucos ativistas muito dedicados, com o apoio da Igreja e outros. A Grã−Bretanha assumiu o papel principal de enriquecer com o derramamento de sangue, com um grau de cinismo surpreendente nos altos escalões, mesmo para seus padrões tradicionais. A cobertura da imprensa americana aumentou, mas é ainda inexpressiva. Para citar um exemplo crucial, à parte de alguns detalhes, a questão do petróleo no Timor ficou oculta − e não é a única.

A invasão Indonésia de dezembro de 1975, subseqüente a vários meses de ações militares bem conhecidas dos australianos, americanos e britânicos, foi um ato não−provocado de agressão, um crime de guerra, que torna todos os participantes criminosos de guerra, de Henry Kissinger para baixo. A agressão foi imediatamente condenada pela Assembléia Geral das Nações Unidas. Respondendo à recomendação de que tomasse uma 'atitude urgente", o Conselho de Segurança, com unanimidade, exigiu a retirada de todas as forças indonésias "sem retardo", exigiu que "todos os Estados respeitassem a integridade territorial do Timor Leste bem como o direito inalienável de seu povo à autodeterminação", e pediu ao secretário−geral que agisse para implementar a resolução2.

Nicarágua

Essa posição tem uma base firme na legislação internacional. Gostaria de dizer algumas palavras sobre isso, mas com uma restrição preliminar. Não estou realmente preocupado com as questões técnicas, mas com os princípios que as fundamentam. E triste mas é verdade que vivemos sob o domínio da força, não o domínio da lei, no sentido de que as grandes potências fazem o que querem, como fazem outros se podem prosseguir independente de lei ou de princípios altamente sadios. Um exemplo recente dramático foi o esforço da Nicarágua em utilizar os métodos pacíficos exigidos pela legislação internacional em resposta ao ataque terrorista americano. A Nicarágua foi à Corte Mundial; os Estados Unidos reagiram com a negativa de aceitação de sua jurisdição. Quando a Corte proferiu a sentença, os Estados Unidos simplesmente a desprezaram. A Nicarágua, então, voltou−se para o Conselho de Segurança das Nações Unidas, que divulgou uma resolução insistindo em que todos os Estados obedecessem a legislação internacional (11−1, três abstenções; bloqueado pelo veto americano). A Nicarágua tentou a Assembléia Geral, em que os Estados Unidos novamente vetaram as resoluções em dois anos consecutivos, em uma das vezes com o apoio de Israel e El Salvador e, na segunda vez, somente com o apoio de Israel; um voto americano negativo significa um veto. A mídia não prestou atenção, corretamente considerando a opinião mundial irrelevante quando o Estado mais poderoso assim o decide.

Seria incorreto dizer que a ordem da Corte Mundial foi ignorada. A Corte exigiu que os Estados Unidos acabassem com o "uso de força ilegal" contra a Nicarágua − um outro crime de guerra − e sua campanha econômica ilegal, e que pagassem reparações substanciais, determinando também, explicitamente, que toda a assistência às forças terroristas controladas pelos americanos que atacavam o país era "auxilio militar" e não "auxilio humanitário". Houve uma resposta imediata. O Congresso aumentou subitamente o auxilio militar às forças terroristas. A imprensa e a opinião intelectual − incluindo defensores bem conhecidos da ordem mundial e da legislação internacional − condenaram a Corte por causar o descrédito de si mesma emitindo seu julgamento. Os conteúdos essenciais jamais foram relatados. O auxílio militar continuou até que os Estados Unidos impuseram seu desejo (denominado "auxílio humanitário" no Congresso e na imprensa). Depois que o país despedaçado finalmente aceitou as exigências americanas, foi compelido a desistir de seu pedido por reparações conforme chegava a uma grande desgraça humanitária, decaindo rapidamente ao caos, à miséria e à falta de esperança depois que o controle tradicional americano foi finalmente estabelecido; os fatos não são relatados à parte de referencias sarcasticas ocasionais a incompetência e aos crimes dos sandinistas. Ainda mais grotesco, o resultado é amplamente aclamado em todo o âmbito de opinião articulada como um outro exemplo de como os Estados Unidos "serviu de inspiração ao triunfo da democracia em nossos tempos" − um triunfo ilustrado bem pela câmera regional de horror, um tópico que não está dentro da esfera de discussão dos círculos respeitáveis3.

Declaração de Princípios da Legislação Internacional

As resoluções das Nações Unidas sobre o Timor Leste e as obrigações que impõem sobre todos os estados ganham significação adicional do fato de que as resoluções meramente ratificam, para esse caso em particular, a linguagem de duas resoluções criticamente importantes adotadas, com unanimidade, pela Assembléia Geral das Nações Unidas de 1970 e de 1974: a Declaração de Princípios da Legislação Internacional Concernente às Relações Amistosas e à Cooperação entre Estados e a Resolução sobre a Definição de Agressão4. Tais resoluções declaram, inequivocamente, que "nenhuma aquisição territorial resultante de ameaça ou do uso da força deve ser reconhecida como legal" e que nenhuma "vantagem especial resultante de agressão deve ser reconhecida como legal": em ambos os casos, não deveria, mas deve − ou seja, uma obrigação. A aplicação desses princípios à invasão indonésia do Timor Leste um pouco depois é imediata, e foi assim reconhecida pelo Conselho de Segurança em seu pedido para que todos os estados se ativessem aos princípios da legislação internacional que eles haviam tão recentemente ratificado.

O compromisso oficial australiano com os princípios mais nobres formulado pelo ministro do exterior foi reiterado vigorosamente pelo primeiro−ministro Hawke, que advertiu que "países grandes não podem invadir vizinhos menores e levar isso avante". Graças aos virtuosos anglo−americanos e seus associados, os fracos vão "sentir−se mais seguros porque sabem que não estarão sozinhos caso sejam ameaçados", e "pretensos agressores vão pensar duas vezes antes de invadir vizinhos menores". "Todas as nações deveriam saber que o domínio da lei deve prevalecer sobre o domínio da força nas relações internacionais", declarou o primeiro−ministro. Dificilmente se poderia ser mais claro e explícito. Tudo isso se refere à invasão iraquiana do Kuwait, que o senador Evans apropriadamente denunciou como "agressão clara indefensável de um país soberano forte, ambicioso e impiedoso sobre um vizinho mais fraco".