Ciência/Política

Curso: Ciência Política (este)
Ciência Política Aula 6 splitter 07

Partidos Políticos (parte 2)

• Robert Michels, idéia central: o que diferencia uma organização partidária é a sua tendência oligárquica.• Quem é que se serve do rótulo PMDB? É Michel Temer, são os dirigentes. Eles se servem dos recursos materiais; • renovação partidária, é uma espécie de tampão que bloqueia a renovação política • Será que não tem mais gente querendo ser governador de São Paulo? Ou presidente? Um país de duzentos milhões de habitantes, não passam de dez os que exercem o poder do estado. • Robert Michels: os partidos políticos são instituições oligárquicas. • Os partidos estão desesperados em busca de militantes. Sem perceber que são os primeiros a bloquear o interesse das pessoas a esse tipo de pertencimento ou adesão. Nunca foi tão baixo o interesse de universitários pela carreira política. •

A última coisa que eu queria dizer sobre partidos políticos, é destacada por um fulano chamado Robert Michels Um alemão que escreveu sobre partidos políticos no começo do século vinte. O texto dele é clássico. E qual é a idéia central desse camarada? E a idéia central desse camarada é a seguinte: O que diferencia mesmo uma organização partidária é a sua tendência oligárquica. E o que vem a ser? Que num partido político o capital político se concentra nas mãos de dois ou três. O partido político é uma instituição cuja principal característica, é a concentração do capital político em torno deseus dirigentes. Então o que Michels está querendo dizer? Que existe um paradoxo. Os partidos políticos são garantidores da democracia, os partidos políticos viabilizam os embates eleitorais, os partidos políticos garantem a pluralidade de manifestações, mas internamente os partidos políticos são um espaço, altamente autoritário e oligárquicos (regime político em que o poder é exercido por um pequeno grupo de pessoas, pertencentes ao mesmo partido, classe ou família.); de concentração de poder. O estudo é muito interessante, porque ele se baseia num partido alemão específico que é o SPD, o partido social democrata alemão, que justamente sempre se apresentou como um partido democrata. E que ele mostra? Que quanto mais o tempo passa maior o fosso entre os dirigentes e a base do partido. E o que ele mostra? Que os dirigentes do partido conservam o poder interno do partido, com mão de ferro. E o que ele mostra? Que todos os recursos do partido acabam sendo usados em benefício dos dirigentes do partido. Nossa! Esses estudos são de uma pertinência extraordinária para estudar o que acontece aqui.

Quem é que se serve do rótulo PMDB? É Michel Temer, são os dirigentes. Eles se servem dos recursos materiais; são eles que manejam os fundos de campanha; são eles que se servem dos recursos simbólicos; são eles falam em nome dos partidos, eles concentram cada vez mais prestígio e concentram cada vez mais poder e com estabelecem um fosso cada vez mais significativo em relação as supostas militâncias ou tentativas de militância. Se você imagina o partido como o espaço democrático, onde você possa ancender com facilidade, e passar a fazer parte de uma cúpula dirigente, com chances de se candidatar, tire o seu cavalinho da chuva. Não funciona assim. Não há instituição onde a ascenção é mais difícil do que dentro de um partido político. O que? De uma pertinência extraordinária! Se o dominante, já por ser dominante, adota estratégias de conservação do poder que exerce, num partido político, a proteção institucional garante essa conservação de uma maneira ainda mais radical. Não existe nada mais improvável, do que uma revolução dentro de um partido. Ora, de certa maneira isso ajuda a entender, que a conservação do poder interna aos partidos, é condição para uma série de outras conservações. Como por exemplo, quem vai sair candidato, quem vai ter mais tempo de televisão, quem vai ter mais acesso aos meios de comunicação, para falar em nome do partido. Na hora que tiver uma boa notícia para dar, em termos de aprovação de projeto, quem é que vai para a televisão dar a boa notícia. Então não é por acaso, que a renovação partidária, é uma espécie de tampão que bloqueia a própria renovação política. De tal maneira, que se eu perguntar a você: quem vai sair canditado? É Lula contra Serra...Você dez nomes...ou alguém que colocou um laranja, como Dilma, etc. Será que não tem mais gente querendo ser governador de São Paulo? Será que não tem mais gente querendo ser presidente da república? Como isso está sempre nas mãos de dois ou três. E depois? Dois ou três... Um país que tem duzentos milhões de habitantes, não passam de dez os que tem condições de exercer o poder do estado.

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Michels explica: a dificuldade de ascenção dentro dos partidos é uma espécie de aperitivo, é uma espécie de determinante da dificudade de renovação dos quadros políticos. O que torna o clube cada vez mais fechado. O clube dos profissionais da política Para vocês terem uma idéia, te um fulano aí, que chama Sérgio Cabral. Quem é Sérgio Cabral? Então você imagina que um fulano é governador do Rio de Janeiro por dois mandatos é o máximo, e elegeu com facilidade o prefeito da capital. Então o que obviamente passa na cabeça de um fulano, que foi por oito anos governador, de um estado como o Rio de Janeiro, me diz. O que obviamente deveria passar na cabeça? Eu tenho que sair para presidente. Mas é...eu tenho vinte anos de vida política útil, eu fui governador do segundo estado mais importante do país durante oito anos, não se cogita. Para você imaginar o nível de dificuldades de ascensão nesse mundo, que ninguém cogita essa possibilidade. Ele nem aparece nas simulações de intenção de voto eleitoral. Então o que precisa? O cara é governador do Rio, membro do maior partido do Brasil, o PMDB, o que precisa para ser presidente da república? Pois é, nem ele nem ninguém cogita. Porque a coisa já está decidida que vai ser ou Dilma, ou Aécio e correndo por fora, numa figura outside aí, Eduardo Campos, mas é só. Acabou. O clube fechou;

para que muito provavelmente, qual é a chance do Eduardo Campos tentar ver se entra no segundo turno no lugar do Aécio, se ele tiver um perfomance pior que a do Alckin e do Serra ainda. Como isso é pouco provavel. É Dilma versus Aécio. Será que não tem ninguém novo? Pois é, isso que é gozado. porque a gente acostuma com a idéia de que a renovação é praticamente impossível. E esses caras não querem subir? O problema é que os partidos políticos são instituições oligárquicas diz Robert Michels. É uma reflexão primorosa. Então você percebe que se em qualquer ramo de atividade a ascensão é seletiva, nós estamos diante de um quadro em que o jogo, o jogo castiga muito, quem é dominado. Em outras palavras; as condições materiais de controle e impedimento da ascensão são muito fáceis pelos dominantes. O próprio jogo é lento. O cara fica governador quatro anos. Se ele tiver dois neurônios com a máquina na mão ele se reelege por mais quatro anos. O mesmo cara ocupou oito anos no palácio dos Bandeirantes. Oito anos! Então você percebe, que os troféus são de posse muito demorada. Você vê por exemplo o tênis. O cara ganha um circuito, na outra semana começa outro, na outra semana começa outro, depois outro e assim a rotatividade. No ano seguinte, você tem que defender todos os títulos que ganhou no ranking anterior, senão perde pontos. Aqui não. O cara ganha uma eleição e fique quatro anos. Praticamente automático para oito. Se tiver alguma chance de mudar é depois de oito. Mas aí você tem dois problemas. Ou você se candidata pelo partido do cara e você só acontecerá se ele te indicar. Ou você se candidata por outro partido e aí há um problema, você terá que concorrer contra a máquina do estado. Nenhum dos dois é muito fácil! Isso torna o clube, cada vez mais seleto. E qual é a consequencia imediata disso? na hora que as pessoas não vislumbram a chance de ascensão qual é a consequência imediata disso? É o desinteresse pela carreira. È o que nós vemos na nossa sociedade. Um desinteresse pela carreira. Os partidos estão desesperados em busca de militantes, gente que possa fazer coro e corpo com eles. Sem perceber que são os primeiros a bloquear o interesse que se possa ter, por esse tipo de pertencimento ou adesão. Nunca foi tão baixo o interesse manifesto de universitários pela carreira política. As pesquisas mostram: você precisa entrevistar centenas e centenas de universitários para encontrar alguém que diga espontaneamente, eu quero ser político. E evidentemente isso se deve em grande medida a intuição muito sábia: que se trata de uma carreira em que as chances de vitória são praticamente nulas. Em outra palavras, o capital que você tem que acumular, para poder jogar o jogo num certo nível de decência, exige um investimento pessoal que não corresponde exatamente, ao alcance, que aquele investimento poderia pretender. Então não havendo renovação, você assiste a ocorrências bizarras, como por exemplo a aparição de figuras outsiders estilo Tiririca, que muito mais revelem o vàcuo, do que propriamente demonstram substância.

Pergunta 1 de

Segundo Robert Michels, o que diferencia uma organização partidária é:
• A sua militância.
• A sua tendência oligárquica. Correta
• O seu orçamento. • A sua cúpula de direção.

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