Ciência/Política

Curso: Ciência Política (este)
Ciência Política Aula 6 splitter 04

Partidos Políticos (parte 2)

• Terceiro critério: vontade deliberada de seus dirigentes nacionais e locais de tomar e exercer o poder do Estado. • Esse critério permite também a exclusão de grupos que pretendam desestabilizar o governo em exercício. • O que leva uma pessoa a se candidatar se ela sabe que não vai ganhar? • Caixa dois: fácil controle e manipulação por parte do candidato. • Quarto critério: busca de um apoio popular. • Inglaterra: dois partidos; ou a maioria é conservadora, ou é trabalhista.

Terceiro critério: Um partido político é dotado de uma vontade deliberada de seus dirigentes nacionais e locais de tomar e exercer o poder do Estado. Naturalmente o que eles querem excluir com isso? Eles querem excluir, toda organização que não quer tomar e exercer o poder do estado. Por exemplo aquelas que só querem influenciar o poder do estado. por exemplo: sindicatos. lobbies, grupos de pressão, instituições religiosas. Tudo mais que quer dar palpite, mas não querem por a mão na massa. Não é partido. Partido quer exercer o poder, não quer palpitar. Esse critério permite também, a exclusão de grupos que pretendam desestabilizar o governo em exercício. Grupos que existem para derrubar. Grupos que eu chamaria de exclusivamente revolucionário. Vocês querem tomar o poder? Não. Nós só queremos derrubar o governo que está aí. Não é um partido político. Porque o partido político de acordo com esse critério, ele pode até querer derrubar, mas é para exercer o poder. É para assumir as responsabilidades do poder do estado. Você entendeu o princípio? Resta-nos problematizar.

Essa coisa de querer local e nacionamente exercer o poder do estado, pode ser interpretada, de um ponto de vista estritamente formal, mas pode ser interpretada de um ponto de vista real ou material. Vamos pegar o caso desse cidadão que toda eleição aparece. Levy Fidelix. Você pergunta: vai se candidatar? Ele responde, vou. Tem expectativa de ganhar? É claro que ele sabe que não vai ganhar. Pois você acha que isso descaracteriza o partido político? Se você tiver como critério, a real pretensão, de conquistar o poder nacional é capaz de não sobrar quase ninguém em lugar nenhum. Nem o PMDB, o nosso maior partido, tem ou tem tido a pretensão de tomar o poder nacional. Na verdade, nos últimos quatro, oito, doze, dezesseis, nos últimos vinte anos; só dois partidos tem a pretensão de tomar o poder nacional. O PT e o PSB. Os outros estão na moita. Você pode se perguntar: mas o que leva uma pessoa a se candidatar se ela sabe que não vai ganhar? É de uma ingenuidade e uma candura louvável! Do ponto de vista político, você pode se candidatar a um posto, sabendo que não vai ganhar, mas no intuito de ter visibilidade para outras eleições. É o caso do nosso José Maria Eymael que se candidatou a prefeito, contra Fernando Henrique, Jânio e Suplicy no meio da década de oitenta, é óbvio que ele sabia que não ia ganhar, ele inundou a cidade com aquele jingle insuportável e em (1986) na eleição para o congresso nacional constituínte ele foi eleito. E depois por mais duas legislaturas. Então você percebeu; candidatar sabendo que não vai ganhar, pode ser um excelente caminho para vir a ganhar um dia. Se você quiser um exemplo mais atual o valente Gabriel Chalita sabia que não ia ganhar, mas fez força para ter uma participação destacada, porque tem a pretensão, de um dia deixar de ser azarão, e passar a ser favorito. Então você percebe, que existe política partidária sem pretensão de tomada do poder imediato.

Mas, há aqueles que se candidatam sem mesmo ter essa perspectiva. Então você perguntará porque. Ora, simplesmente porque candidatura pode ser patrocinada. Subvencionada. Então você tem aí uma figura no meio que é o caixa dois; de fácil controle e manipulação por parte do candidato. De maneira que é perfeitamente possível ter ganhos econômicos numa candidatura que você sabe que não vai ganhar.

Qual é a conclusão que a gente tira? De que esse critério, mais ainda do que os outros dois é extremamente restritivo e excludente, de um grande números de partidos políticos que são partidos e não atendem a esse critério.

Quarto critério: Busca de um apoio popular. O que é que se pretende com isso? Todos que pretendem tomar o poder, sem o apoio popular. Tem gente que quer tomar o poder sem apoio popular? Tem. O Golpe de 1964, tomou o poder sem apoio popular. Está cheio de gente que toma o poder, sem o apoio popular. Então o partido político busca o apoio popular. Tem, no caso dos países que buscam o poder político, o poder do estado é vinculado a uma eleição, então aí não há dúvida, o partido político porque busca o poder precisa do apoio popular, porque sem o apoio popular não há como. É o único caminho. Porém, você tem infinitas situações pelo mundo, em que o exercício do poder vai progressivamente se diastanciando do apoio popular. Eu quero dizer com isso, que talvez tenhamos buscado o apoio popular na origem do processo; mas depois o apoio popular, pouco ou nada tem nada a ver com o real exercício do poder do estado. Tomemos o caso da Inglaterra. Não há dúvidas que, de tempos em tempos o deputado inglês, ele vai para a sua circunscrição, o seu distrito, e ele faz campanha para se eleger. Muito bem. Como só tem dois partidos; ou a maioria é conservadora, ou a maioria é trabalhista. Isso faz com que, só haja duas possibilidades de governo. Ou o governante será o líder do partido dos trabalhadores se ele obteve maioria, ou o primeiro ministro será o líder dos conservadores. Uma vez escolhido o primeiro ministro, todo o exercício do poder do estado é feito à revelia do apoio popular. Então, o apoio popular é buscado para dar o start, mas a sociedade só volta a se manisfestar dali a quatro ou cinco anos. Por que? Porque o primeiro ministro goza da maioria sistemática no parlamento. Ele é o líder no parlamento. Ele consegue aprovar tudo o que quer. A favor ou contra a opinião pública. Então perceba, o apoio é no sentido de dizer é desse ou daquele partido. Depois todas as decsões podem ser tomadas de costas, para o que pensa a maioria dos eleitores. Então, o que eu quis dizer com essas reflexões? Que a definição de LaParombara e Weiner é a mais conhecida. Talvez ela seja mesmo a melhor. No entanto todos os seus critérios, são discutíveis. Se juntarmos os quatro: implantação nacional, duração superior a de seus líderes tomada e exercício do poder pelo apoio popular, se juntarmos os quatro, podemos concluir; que é muito difícil encontrar no mundo da realidade, no mundo dos partidos, alguma organização que atenda a esses quatro critérios. Então a pergunta é: o que será que eles terão definido? Já que não encontramos na realidade organizações que atendam aos quatro critérios.

Pergunta 1 de 1

Indique a alternativa correta:
• O apoio popular é fundamental até a tomada do poder. Depois disso as decisões são tomadas sem a consulta do povo. Correta
• O apoio popular é fundamental para a tomada e exercício do poder. As decisões são tomadas sempre com a consulta do povo.
• O apoio popular não é fundamental para a tomada do poder. Depois as decisões são tomadas sempre com a consulta do povo.

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