Segundo atributo: uma organizacão estruturada localmente e implantada nacionalmente. O que o autores querem excluir? Primeiro eles querem excluir organizações que só existem em nível nacional. E se você quiser um exemplo de organização que só existe em nível nacional: um grupo parlamentar. A bancada dos evangélicos no Congresso Nacional. Não é um partido. Porque não existe local. Só nacionalmente. Segundo: esse critério pretende excluir as organizações locais, que não tem implantação nacional. O que LaPalombara e Weiner estão dizendo? Só é partido político a organização que tem implantação nacional. Ora meus amigos, eis aí uma afirmação, que podemos discutir. Eu não sei se vocês se lembram da República Velha. História do Brasil. A RV começa quando? Isso, todos em coro. A república Velha começa com a República. E termina quando? Termina com Getúlio. Era chamada de república café com leite. Por conta da hegemonia de Minas e São Paulo que alternadamente controlava o poder. Muito bem, essa hegemonia café com leite, tinha uma implantação partidária. E os partidos, o PRP, partido republicano paulista e o PRM, partido republicano mineiro. Ora, se um partido tem que ter implantação nacional, como pode chamar partido republicano paulista? Você pode dizer: mas se não tem implantação nacional, não é partido. Como não é partido? Não só é partido, como controlava o poder central. Se você não está satifeito, fique sabendo que são exemplos históricos. Hoje um partido político para existir por lei, tem que ter implantação nacional. No Brasil. Portanto esse critério de definição é hoje um requisito legal.
Vamos pegar um país como a Espanha. Por mais que esteja como está, é um país que funciona democraticamente há um certo tempo. Que tem uma organização partidária muito razoável, e portanto é um país que merece a nossa atenção. A Espanha tem dois partidos nacionalmente implantados. Um de direita, outro de esquerda. O partido de direita exerce o poder. Ele é o partido popular PP. E seu líder hoje é primeiro ministro Mariano Rajoy. O outro partido nacionalmente implantado é de oposição. PSOE; Partido socialista obreiro espanhol, do primeiro ministro anterior, senhor, José Luis Zapatero. E os outros partidos não são nacionalmente implantados. Mas são grupeiros? Não. De jeito nenhum, são partidos extremamente eficazes, que inclusive exercem o poder em suas regiões. Eu morei dois anos em uma região administrativa da Espanha chamada Navarra, capital Pamplona, e lá o partido que está no poder há muito tempo, é a UBN. Não há a menor dúvida, que é um partido que desdenha de implantação nacional. Unión del Pueblo Navarro e ponto. Do lado de Navarra, olhando no mapa do lado esquerdo, você tem outra região administrativa. Cujo nome é Euskadi, em espanhol, país basco. Partido nacionalista basco. Do lado direito olhando no mapa está a Catalunha. É governado pelo CEU. Partido Catalão. Então você percebe que esse critério, estruturação local e implantação nacional é um critério que ignora a Espanha. É no mínimo problemático para uma definição. Porque essa definição parte da premissa, que uma democracia partidária precisa de partidos nacionalmente implantados. E o que o caso espanhol mostra? Que não. Que é perfeitamente possível, que a vida partidária funcione com partidos locais. Seria o mesmo se nós tivéssemos aqui um partido ...que disputa o governo do estado, em São Paulo. E não disputa mais nada. Disputa deputados estaduais, disputa prefeitos, disputa vereadores, tudo que tem aqui dentro. Não há possibilidade disso acontecer por exigência legal, mas por doutrina, por que não.