Muito bem! Se você observar o que eu disse até agora, você vai concluir que o partido que tem origem no parlamento e o partido que tem origem em organizações sociais de outro tipo, eles não devem funcionar da mesma maneira. A sua história exige isso. É isso que eu queria que você pensasse antes da gente continuar. Isso quer dizer o que? Que o partido de origem eleitoral parlamentar é um partido onde o próprio nome diz: o filé mignon da sua atuação é dentro do parlamento. E quando ele vai para a sociedade? Ora, está escrito no nome! Na hora da eleição. Então ele é um cara que está no parlamento e de quatro em quatro anos, ele vai bater na sua porta para pedir voto. Então quer dizer: o enraizamento social de um partido eleitoral parlamentar é um enraizamento social completamente diferente daquele que propõe um partido de origem sindical por exemplo. É perfeitamente óbvio você supor por enquanto, que um partido que tem origem no sindicato, ele tem um funcionamento de proximidade com a classe trabalhadora completamente diferente do partido de origem eleitoral parlamentar. Isso não quer dizer que o partido de origem sindical vai ter mais eleitores e mais votos. O normal é o contrário. Mas o funcionamento dá para antecipar. E dá para antecipar mais uma coisa. Historicamente quando os partidos de origem indireta começam a surgir, eles começam a surgir como pretendentes a jogar um jogo que já estava sendo jogado pelos outros. Você está me acompanhando? Quer dizer: os caras...eu sou metarlúgico e vou montar uma agremiação para competir com os caras que já estão lá. Parlamento, eleição. Parlamento, eleição. Com dinheiro para fazer a eleição. E eu vou chegar com um discurso, que um discurso de quem quem não tem a mínima idéia do que é fazer parlamento, por que nunca fiz. Então é forçoso concluir, que os partidos de origem indireta são, num primeiro momento, o que hoje nós chamaríamos de oposição. Aquilo que muitos chamam de partidos contestatários. Em outras palavras: são partidos que chegam para jogar o jogo, mas chegam criticando o próprio jogo. Porque é claro, é mais ou menos como Platão e a Ágora. Eu nem vou. Se eu for jogar o jogo político na Ágora contra um sofista eu estou em maus lençóis. Esse cara faz isso todo dia. Eu vou perder. Está certo? Então eu não vou jogar o jogo, aonde eu não vou ganhar nunca. Então esses partidos, muitas vezes eram partidos que não queriam exatamente chegar ao poder, pelas vias já existentes. Daí também a nomenclatura de partidos revolucionários. Ok. Isso do ponto de vista histórico.
Vocês estão acompanhando o que eu estou explicando? Está Claro por enquanto? Show de bola. Ora, o surgimento desses partidos, merecia um estudo mais acurado. E dois cientistas políticos de origem escandinava, eles vão propor que os partidos políticos vão se constituir a partir de fissuras sociais. Clivagem social. Esse cientistas escandinavos são justamente, Lipset e Stain Rokan. Título do artigo: cidadãos eleições e partidos, abordagens para um estudo comparativo dos processos de desenvolvimento. Título no original, não vai estar em português. Citizen Relation Part. A proust susan competition start of the prousts development. É muito curioso como você parece supreso com a citação de um texto em língua estrangeira, eu tenho certeza que isso aqui tem no sistema, como é mesmo o nome? Dédalos. Mais eu vou te garantir um coisa, em termos de pensamento sobre política, não há praticamente nada em português. Quando a gente botou lá o David Easton e a Análise sistêmica Systems theory in political science é um clássico, não tem em português. Se deve ser assim ou não, não sei. O fato é que se você não souber ler inglês, sobre política não adianta nem começar. Então qual é a primeira fratura? Vem comigo! Vem comigo! Até porque, se você aprender quais são as fissuras, quais são as clivagens sociais, mesmo que você não chegue ler o texto, você aprende o essencial. A primeira clivagem, tem a ver com o posicionamento em relação ao estado e a sua atuação. Eu posso te garantir que se você levar o que eu vou dizer a partir de agora a sério, você vai começar a se fazer perguntas sobre as propostas partidárias, e isso vai te ajudar muito a identificar algumas incoerências. Isso vai te ajudar muito até a melhorar o diálogo que você tem com os partidos políticos. Professor eu não tenho diálogo nenhum com partido nenhum. Ótimo! Difícil piorar. Sair do zero.
Então, qual é a primeira clivagem? É o posicionamento do partido em relação a extensão da atuação do estado. Algumas forças sociais, elas se identificam com uma atuação importante do estado na sociedade, em diversos setores. Enquanto que outras forças sociais, defendem a redução progressiva da presença do estado na sociedade. Ora, você se lembrará do exemplo que eu acabei de dar do meu projeto. O meu projeto, prevê o surgimento de escolas federais de excelência. Que não sejam só técnicas! Que sejam do ensino fundamental até o terceiro ano do ensino médio.
É evidente que se eu tiver escolas federais de excelência, que disputem os primeiros lugares do enem, com professores provenientes de escolas públicas ultra qualificados; com um sistema de carreira em que os professores do ensino fundamental entrem ganhando cinco paus, com uma carreira que pode chegar ao titular da cadeira dentro da escola, ganhando quinze a vinte mil reais por mes. Eu posso te garantir que esses salários vão atrair grandes inteligências, para dentro da escola fundamental. E esses alunos da escola pública federal, vão disputar com qualquer um, os primeiros lugares do enem. Eu posso te garantir que desaparece a necessidade de cotas. E eu posso te garantir que muita gente que hoje se mata para pagar Etapa, Objetivo, Bandeirantes, etc., vai se candidatar a uma vaga na escola pública de excelência federal. Eu posso te garantir que eu vou desatender ao interesse de muita gente. Está perfeito! Não sei se você percebeu, mas tem forças que defende a presença de um estado eficaz na sociedade, e você tem por exemplo, campanhas como a da Jovem Pam. E eu me lembro que ela tem como slogam: Brasil o país dos impostos. O que está por trás da campanha, Brasil o país do impostos? Porque é claro, na hora que você toca no imposto você trabalha com aquilo que é mais sensível numa sociedade tosca. Ô, os caras tomam o seu dinheiro, velho. O que não é explicado é quem sem imposto nada rola. Mas, nada rola de qualquer jeito! Mas então, não é porque alguma administração, não dá um bom uso ao dinheiro público, que isso significa que a saúde publica e a escola pública, não devam existir. É a mesma coisa que você pegar um time de futebol, que passa por uma fase medonha, como é o caso do meu, então o que eu vou propor? O fim do futebol. Não, não. O fim do futebol. Por que? Porque episodicamente