Ciência/Política

Curso: Ciência Política (USP)

Política e Teoria dos Sistemas - Aula: Sistema Político

• Partes do corpo humano, não cumprem uma hipotética finalidade sozinha. • Conceito moderno de sistema. •Máquinas possuem sistemas. • Positivismo: preocupação em aplicar o mesmo rigor nas ciências humanas e conseguir o mesmo resultado das ciências exatas e biológicas. • A Escola de Chicago. • Tudo na análise sistêmca é relacionado com a sua finalidade. • A finalidade do que você imaginar está fora daquilo que você imaginar.

Ora! Em que medida esse finalismo vai encontrar uma herança mesmo depois do fim do cosmos? Esse finalismo vai encontrar uma herança no fim do cosmo, exatamente no momento do século dezenove, que o homem; mais especificamente o biólogo, ele vai estudar o corpo humano, e se depara com uma característica do corpo humano. Qual é essa característica do corpo humano? A idéia de que algumas partes do corpo humano, não cumprem uma hipotética finalidade sozinha. Em outra palavras você pode ter partes que cumprem uma finalidade, por si. E você pode ter partes que não cumprem uma finalidade por si, mas precisam se associar as outras, para assim juntas cumprirem uma finalidade. É exatamente a partir dessa idéia que nasce o conceito moderno de sistema. O que é um sistema? Um todo cujas partes são funcionalmente interdependentes. Mas percebam que agora as finalidades das partes e do todo, não é dada por um cosmo e por sua vez divino definido por Zeus. Agora sou eu cientista, que imputa a uma parte, alguma finalidade. Quem é que disse que isso nasceu para. Não nasceu para, mas cumpre essa finalidade. Essa finalidade agora é atribuída por mim. Não sei se você percebeu mas há uma mudança de perspectiva do finalismo grego para o finalismo moderno. No finalismo moderno, a finalidade das coisas é destinada, é identificada, é apontada pelo homem. Então é claro que haverá aquilo que alcança a finalidade sozinho e haverá o que alcança a finalidade em associação. O sistema é uma associaçao funcional. Exemplo: o sitema digestório. Então você tem o estômago. O estômago não pertence a cosmos nenhum! Portanto o estômago não foi feito para finalidade nenhuma. Mas os cientistas vêem no estômago uma atividade de digestão. Agora o estômago cumpre a sua atividade de digestão sozinho? Não. Portanto um estômago sem um intestino, não serve para nada. ou pelo menos não serve para aquilo que os cientistas tem como a sua finalidade, ou seja a digestão. Portanto, estômago mais intestino aí sim, rola. E por isso chamamos de sistema a essa associação de funcionalidades. Um todo cujas funcionalidades são complementares. E assim qualquer sistema que você imaginar, tem essa idéia por trás. A saber a idéia de que uma função ou finalidade é cumprida, através da associação de mais uma unidade de real. Ou mais de uma parte. Muito bem, é claro que essa mesma idéia você encontra numa máquina. Não é por acaso que a idéia de sistema, conceito de sistema ele sai da biologia, vai para as ciências exatas, para a mecânica, na máquina você encontra a mesma realidade do corpo humano. Ou seja: você tem a máquina como um instrumento de finalidade, mas que para cumprir essa finalidade, requer uma associação de unidades de real que isoladamente não cumprem essa finalidade. Por isso uma máquina é um sistema necessariamente. Então se você pegar um liquidificador. Qual é a finalidade do liquidificador? É o homem! Não é cósmico. Humano. E o que o homem fez ali? Alguma coisa cuja finalidade é liquefazer. Essa liquefação promovida pelo liquidificador, não é conseguida através dessa ou daquela parte do liquidificador. Mas com todo o liquidificador. Então o liquidificador é um sistema. Ao longo do século dezenove, surge na europa, uma preocupação de dar as ciências humanas o mesmo rigor, das ciências exatas e biológicas. Eu não vou me estender nem uma vírgula além disso. E essa preocupação, em conseguir, o mesmo rigor nas ciências humanas de conseguir o mesmo resultado das ciências exatas e biológicas, foi genericamente denominado de positivismo. E quem vai ver, obviamente o grande representante europeu, desse tipo de preocupação é o francês ... Conti. Eu não sei qual a familiaridade que você tem com a obra de Conti eis aí um autor, que deveria ser lido e estudado muito mais, porque é muito interessante, as coisas que ele tem para dizer, algum dia poderíamos embrenhar nessa sera, mas o fato é que temos que parar por aí. Então é claro que essa preocupação ensejou essa tendência. E qual é essa tendência? A de trazer o conceito das ciências exatas e biológicas, para as ciências humanas. E um dos conceitos que foi importado, é o conceito de sistema. Veja essa importação de conceitos de outras ciências para as ciências humanas, você assiste todo dia. Hoje mesmo eu ouvia um CEO de uma empresa dizendo: o valor da segurança está no nosso DNA. Eu trouxe o ácido desorribonucléico para a Volvo. Ele viu a reportagem! (Primeiro sistema do mundo de detecção de ciclistas, que freia o carro sozinho em situação de risco.) O carro se vir um ciclista ele pára. Mesmo que o motorista não tenha visto o ciclista. DNA, coisa nenhuma! Eu peguei o conceito lá e trouxe para cá. E assim você tem um milhão de exemplos. O conceito de sistema foi importado. E ele foi importado por quem? Ele foi importado na virada do século dezenove para o século vinte, por um grupo de pesquisadores e intelectuais e recebeu um nome na história do pensamento de Escola de Chicago. A Escola de Chicago, tinha nos Estados Unidos, a mesma preocupação de Auguste Comte, na frança: fazer uma ciência humana com rigor. Se tem sistema lá, vai ter sistema aqui. Muito bem. A pergunta é: qual a pertinência dessa importação. Ora, a pertinência é você encontrar nos coletivos humanos, nas organizações humanas, objeto das ciências humanas, a mesma complementaridade funcional que você encontra, no corpo humano e nas máquinas. É só isso. E aparentemente é atrativo. Dá a impressão e talvez não seja só uma impressão, é aparetemente atrativo, porque de fato você pode imaginar que uma instituição seja um todo cujas partes também; são funcionalmentes interdependentes. Tomemos a ECA ( Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo ou (ECA-USP), se você for pensar em termos finalistas, qual é a finalidade da ECA? Então uma resposta muita satisfatória é formar profissionais, nas suas áreas de expertise. Jornalismo, Turismo, Decoração, Áudio Visual, Artes, muito bem! Agora, claro! A ECA por sua vez é uma reunião de partes. E aí eu pergunto: Rosa e a sua secretaria conseguem sozinhos formar profissionais? Não. Dona Ermínia e seu pão de queijo, consegue...não. A biblioteca sozinha consegue....não, o almoxarifado sozinho ...não, o laboratório sozinho ...não. Então a gente chega a conclusão, que as partes isoladamente consideradas não alcançam a finalidade presumida da instituição. O que só nos permite concluir, que a finalidade da instituição só é alcançada, com a reunião das suas partes. Então nesse caso nós vislumbramos a possibilidade de considerarmos a ECA, um sistema. Mas perceba que a reflexão, que justifica o conceito de sistema, é uma reflexão finalista, isto é, se a ECA é um sistema, é porque, primeiro: ela tem uma ou mais finalidades. Segundo: essas finalidades só são alcançadas pela reunião das suas partes. Muito bem! Então nesse caso a pergunta é: aquele que for estudar a ECA, a partir de uma análise sistêmica, deve estar preocupado com o que? Qual é a pergunta fundamental de alguém, que se serve do conceito de sistema? Porque eu não vou me servir de um conceito de sistema a toa. Eu vou me servir do conceito de sistema se ele me ajudar! Então se eu vou chamar a ECA de sistema o que eu vou ganhar com isso, do ponto de vista dessa escola? Eu vou entender melhor, o que? Se a ECA alcança ou não, a sua finalidade. Quais os limites? Qual a rapidez? Qual a eficácia disso? E assim por diante. Tudo na análise sistêmca é relacionado com a sua finalidade. Por isso a análise sistêmica, ela é inscrita normalmente, dentro de uma paradigma, que é o paradigma funcionalista. Ou que é a palavra moderna; para o finalismo Aristotélico. Agora sem cosmos, somos nós que definimos a finalidade. Não é Zeus. A ECA vai formar jornalistas. Somos nós, não é Zeus. Temos um conglomerado de unidades, funcionalmente complementares. E para que você entenda melhor, o que eu estou dizendo é fundamental que você saiba, que do ponto de vista conceitual mesmo, toda finalidade ou utilidade de alguma coisa, está fora dela. Eu insisto nisso. Se eu disse que a análise sistêmica focará na finalidade, eu estou dizendo que a análise sistêmica, quando estuda alguma coisa, estuda do lado de fora dessa coisa. Não do lado de dentro dessa coisa. Então, se a finalidade da ECA é formar profissionais, eu vou estudar o que acontece quando sai daqui. Empregabilidade. Penetração no mercado... essa é a preocupação sistêmica por excelência. Eu vou estudar se a ECA cumpre, a sua missão social. É outra palavra que está no lugar de finalidade. O seu papel social, a sua finalidade social, e assim por diante. Isso não é só uma questão institucional. Toda finalidade, ou utilidade é externa a si. Assim é o colírio. Qual é a finalidade de um colírio? E você perceberá que a finalidade de um colírio, não está no colírio. Como nehuma finalidade está na coisa. A finalidade do colírio está no olho. A finalidade da aula está no aluno. A finalidade do romance está no leitor. A finalidade do filme está no expectador. A finalidade do que você imaginar está fora daquilo que você imaginar? Então vamos imaginar que eu tenha nesse departamento um desafeto. O que não é verdade! Porque para que haja desafeto é preciso que haja alguma convivência. Muito bem! Se eu tivesse algum desafeto aqui, a análise sistêmica se interessaria por isso? De jeito nenhum! Porque a análise sistêmica, estuda o colírio de dentro. Estuda o olho; para ver se o colírio lavou o olho. A análise sistêmica não estuda a ECA de dentro. Mas estuda o mercado. Para saber se a ECA atendeu ao mercado. A análise sistêmica não estuda nada em si, mas na sua funcionalidade exógena, externa.

Pergunta 1 de 1

Um sistema é:
• Um todo cujas partes são funcionalmente interdependentes. Correta
• Um todo cujas partes são funcionalmente dependentes.
• Um todo cujas partes não se relacionam entre si.

Política e Teoria dos Sistemas

•Input - output - gatekeeper - blackbox e fed back - Retroalimentação do sistema. • Newsworlts - define o que vira notícia. • Gatekeeper dos jornais - A reunião de pauta. • Sentidos - gatekeepers do sistema nervoso.

E é por isso que o primeiro grande elemento sobre análise sistêmica é uma caixa preta, porque eu aqui não vou entrar. E porque eu não vou entrar? Porque eu vou estudar o que acontece com os que saem. Com os formandos. No caso da ECA. Afinal de contas a finalidade não é formar profissionais? Eu vou estudar os formandos e a sua inserção no resto da sociedade. Mas eu não sei se você percebe, se a análise fosse só essa, eu ficaria com um problema. Depois de quatro anos a análise teria acabado. Por tanto a análise sistêmica pressupõe uma investigação sobre quem entra no sistema. Quem é que entra no sistema? Pessoas interessadas. Todas pessoas interessadas entram? Aliás é do que você mais se orgulha. Aliás, é só disso do que você se orgulha. Se você prestou e não conseguiu, cantam os formandos. O orgulho é com o vestibular. O meu orgulho é a fuvest! Esse foi o auge da minha carreira estudantil! Essa fuvest separa os que entram dos que não entram. E isso vai ter um nome. E esse nome é gatekeeper (porteiro). As pessoas interessadas são as que vão entrar. A análise sistêmica chama de inputs. Os formandos são os que saem. Output. Agora eu pergunto: se esses fulanos se dão bem, o número de pessoas interessadas aumenta? Sim. Então o sistema se retroalimenta. E como chama a retroalimentação do sistema. Fed back. Então agora nós temos os cinco elementos que todo sistema tem. Input, output, gatekeeper, blackbox e fed back. Se tiver esses cinco tem sistema. Se não tiver esses cinco não tem sistema. Simples assim. Muito bem, o professor Clóvis, não se dá bem como o professor Gumercindo Leitão. Nunca ouvi falar nele. Acabei de inventar. Isso tem interesse para a análise sistêmica. Não. Nenhum. O analista sistêmico, não entra, (na caixa preta) porque tal qual um analista da finalidade do colírio, vai preferir ver o que acontece no olho das pessoas, do que estudar a sua própria composição. Mas é claro que todos nós sabemos que aqui tem a Ermínia, a biblioteca, o almoxarifado, o laboratório. Mas a análise sistêmica se limita ao que entra e ao que sai. Quanto tempo dura aqui dentro, quanto de dinheiro o estado investe para cada um, o que acontece com cada um. Se valeu a pena esse investimento para as pessoas que vão tabalhar, quantos voltam aqui para dentro. Frisando a análise sistêmica estuda isso. Pergunta do vestibular do ITA. Pois não. .....Não, eu não cheguei ao sistema político. Eu estou preparando a cama, como todo artífice da didática. Questão do ITA: qual o gatekeeper do sitema anchieta imigrantes? Eu quero deixar claro que essa pergunta foi feita sem essa explicação. O que faz da pergunta uma pergunta dificílima. Mas no sistema anchieta imigrantes você tem os cinco elementos. Em input você pode ter os veículos do planalto. Output, veículos na baixada. A caixa preta é constituída pelo anchieta imigrantes. Tres por tres, quatro por quatro. O fed back é a volta. Eu quero saber é quantos veículos vão entrar nesse sistema. Dependendo do número de casinhas abertas no pedágio e calculando o número de veículos médios que passa em cada casinha, eu sei calcular e controlar a entrada de input no sistema. O pedágio é obviamente o gatekeeper. Ele não serve só para cobrar, ele serve para regular o fluxo. Antes do sistema político e para aguçar a angústia da colega do fundo, nós vamos fazer um outro exemplo. E não é político. No seu sentido mais restrito. Por que o senhor não vai direto ao assunto? Porque aqui eu faço o que eu quero! Não é. Imagine um sistema do tipo: TV Globo. Dentro do sistema o pessoal do jornal nacional. O pessoal do jornal manda para fora um output, que é o próprio jornal nacional. Pergunto a você qual é o input de um jornal? Fatos. Notícias é de que o jornal é feito. Todo fato vira notícia. Não. Então tem gatekeeper. E qual é o gatekeeper desse sistema? A reunião de pauta. Na reunião de pauta eu decido o fato que vira notícia e o fato que não vira notícia. Os americanos tem até uma palavra para isso. Newsworlts e ele que define o que vira notícia. Pergunto a você essas notícias morrem aqui? De jeito nenhum, porque evidentemente essas notícias, impactarão a sociedade. Enquanto a sociedade discute temas agendados pela mídia, como é que eu chamo isso? Quando a agenda da mídia determina a agenda pública, como eu chamo isso. Hipótise agenda setting.

A Teoria do Agendamento pressupõe que as notícias são como são porque os veículos de comunicação nos dizem em que pensar, como pensar e o que pensar sobre os fatos noticiados. A teoria do agendamento defende a ideia de que os consumidores de notícias tendem a considerar mais importantes os assuntos veiculados na imprensa, sugerindo que os meios de comunicação agendam nossas conversas. Ou seja, a mídia nos diz sobre o que falar e pauta nossos relacionamentos. .A hipótese do agenda setting.não defende que a imprensa pretende persuadir. A influência da mídia nas conversas dos cidadãos advém da dinâmica organizacional das empresas de comunicação, com sua cultura própria e critérios de noticiabilidade. Nas palavras de Shaw, citado por Wolf, "as pessoas têm tendência para incluir ou excluir de seus próprios conhecimentos aquilo que os mass media incluem ou excluem do seu próprio conteúdo". É disso que se trata o agendamento. Na maioria dos casos, estudos baseados nessa teoria referêm-se a confluência entre a agenda midiática e agenda pública. Entretanto, seus objetivos não são verificar mudanças de voto ou de atitude, mas sim a influência da mídia na opinião dos cidadãos sobre que assuntos devem ser prioritariamente abordados pelos políticos. No Rio de Janeiro, por exemplo, o assunto violência tem espaço diário nos jornais. Adivinhem que tema os políticos mais falam? A ação da mídia no conjunto de conhecimentos sobre a realidade social forma a cultura e age sobre ela. Para Noelle Neumann, citada por Wolf, essa ação tem três características básicas: • Acumulação: é a capacidade da mídia para criar e manter relevância de um tema. • Consonância: as semelhanças nos processos produtivos de informação tendem a ser mais significativas do que as diferenças. • Onipresença: o fato da mídia estar em todos os lugares com o consentimento do público, que conhece sua influência. Concluindo, a teoria do agendamento nos diz, que as notícias pautam nosso dia a dia, nossas conversas e isso acontece com o poder da mídia de selecionar o mais importante e nos fazer enchegar que aquilo é sim o mais importante. As vezes o poder convencimento da mídia parece manipulação, mas não é, a mídia simplesmente expõe as notícias que julgam importante e o público, tradicionalmente, acredita sem duvidar e repassa aquele assunto para frente, sem questionar.

Vamos tirar a globo e colocar sistema nervoso. Aqui você tem cérebro e medula raquidiana. Input do sistema nervoso. Estímulos sensoriais. Muito bem! Todos eles chegam lá? Não. Porque tem gatekeeper. E quais são os gatekeepers do sistema nervoso. Os sentidos. São altamente seletivos. Você estudou exposição seletiva. A exposição seletiva são os gatekeepers do sistema nervoso. Os sentidos Quando você toma essas pastilhas, tem uma que aumenta o tato. Pastilha que você gosta de abraçar. Chama-se Extasy. A pastilha potencializa o estímulo sensorial do tato. Para potencializar o estímulo sensorial do tato, o que eu faço? Eu diminuo o gapekeeper. Mas isso é líquido como água. Para eu ver laranjas, o céu, efeitos do ácido sublingual, para tudo isso eu preciso agir sobre gatekeepers; que vão regular dentro de uma certa cadência, suportável pela caixa preta. Tem output? Tem!!! É o que importa da história. Né!! O output disso é uma beleza! Então, agora você entendeu que: se tem sistema, tem esses elementos. É hora de estudarmos o sistema político. Viu, como valeu a pena esperar ai?

Pergunta 1 de 1

Não faz parte do sistema:
• Input-Output
• Caixa-Preta
• Feedback
• Emissor correta